segunda-feira, 7 de março de 2011

A História da Arte

A historia da Arte
Os historiadores de arte, críticos e estudiosos classificam os períodos, estilos ou movimentos artísticos separadamente, para facilitar o entendimento das produções artísticas.
Não há coincidência com a linha do tempo histórica, pois a partir de 1848 consideramos o início da Arte Moderna e o movimento Pop Art o início da Arte Pós-Moderna. Porém, optamos por apresentar a arte por meio da linha do tempo histórica, por considerarmos ser mais didática.

ARTE GÓTICA

No século XII, entre os anos 1150 e 1500, tem início uma economia fundamentada no comércio. Isso faz com que o centro da vida social se desloque do campo para a cidade e apareça a burguesia urbana.
No começo do século XII, a arquitetura predominante ainda é a românica, mas já começaram a aparecer as primeiras mudanças que conduziram a uma revolução profunda na arte de projetar e construir grandes edifícios.

ARQUITETURA
A primeira diferença que notamos entre a igreja gótica e a românica é a fachada. Enquanto, de modo geral, a igreja românica apresenta um único portal, a igreja gótica tem três portais que dão acesso à três naves do interior da igreja: a nave central e as duas naves laterais.
A arquitetura expressa a grandiosidade, a crença na existência de um Deus que vive num plano superior; tudo se volta para o alto, projetando-se na direção do céu, como se vê nas pontas agulhadas das torres de algumas igrejas góticas.
A rosácea é um elemento arquitetônico muito característico do estilo gótico e está presente em quase todas as igrejas construídas entre os séculos XII e XIV.
Outros elementos característicos da arquitetura gótica são os arcos góticos ou ogivais e os vitrais coloridíssimos que filtram a luminosidade para o interior da igreja.
As catedrais góticas mais conhecidas são: Catedral de Notre Dame de Paris e a Catedral de Notre Dame de Chartres.

ESCULTURA
As esculturas estão ligadas à arquitetura e se alongam para o alto, demonstrando verticalidade, alongamento exagerado das formas, e as feições são caracterizadas de formas a que o fiel possa reconhecer facilmente a personagem representada, exercendo a função de ilustrar os ensinamentos propostos pela igreja..

ILUMINURA
Iluminura é a ilustração sobre o pergaminho de livros manuscritos (a gravura não fora ainda inventada, ou então é um privilégio da quase mítica China). O desenvolvimento de tal genero está ligado à difusão dos livros ilustrados patrimônio quase exclusivo dos mosteiros: no clima de fervor cultural que caracteriza a arte gótica, os manuscritos também eram encomendados por particulares, aristocratas e burgueses. É precisamente por esta razão que os grandes livros litúrgicos (a Bíblia e os Evangelhos) eram ilustrados pelos iluministas góticos em formatos manejáveis.
Durante o século XII e até o século XV, a arte ganhou forma de expressão também nos objetos preciosos e nos ricos manuscritos ilustrados. Os copistas dedicavam-se à transcrição dos textos sobre as páginas. Ao realizar essa tarefa, deixavam espaços para que os artistas fizessem as ilustrações, os cabeçalhos, os títulos ou as letras maiúsculas com que se iniciava um texto..
Da observação dos manuscritos ilustrados podemos tirar duas conclusões: a primeira é a compreensão do caráter individualista que a arte da ilustração ganhava, pois destinava-se aos poucos possuidores das obras copiadas, a segunda é que os artistas ilustradores do período gótico tornaram-se tão habilidosos na representação do espaço tridimensional e na compreensão analítica de uma cena, que seus trabalhos acabaram influenciando outros pintores.

PINTURA
A pintura gótica desenvolveu-se nos séculos XII, XIV e no início do século XV, quando começou a ganhar novas características que prenunciam o Renascimento. Sua principal particularidade foi a procura o realismo na representação dos seres que compunham as obras pintadas, quase sempre tratando de temas religiosos, apresentava personagens de corpos pouco volumosos, cobertos por muita roupa, com o olhar voltado para cima, em direção ao plano celeste.
Os principais artistas na pintura gótica são os verdadeiros precursores da pintura do Renascimento (Duocento):
* Giotto - a característica principal do seu trabalho foi a identificação da figura dos santos com seres humanos de aparência bem comum. E esses santos com ar de homem comum eram o ser mais importante das cenas que pintava, ocupando sempre posição de destaque na pintura. Assim, a pintura de Giotto vem ao encontro de uma visão humanista do mundo, que vai cada vez mais se firmando até ganhar plenitude no Renascimento.
Obras destacadas: Afrescos da Igreja de São Francisco de Assis (Itália) e Retiro de São Joaquim entre os Pastores.
* Jan Van Eyck - procurava registrar nas suas pinturas os aspectos da vida urbana e da sociedade de sua época. Nota-se em suas pinturas um cuidado com a perspectiva, procurando mostrar os detalhes e as paisagens.
Obras destacadas: O Casal Arnolfini e Nossa Senhora do Chanceler Rolin.

IMAGENS
Catedral de Chartres | Escultura Gótica | Políptico Gótico | Catedral de Siena | Pintura de Giotto | Catedral Gótica | Pintura Gótica | Flagelação de Cristo | Vitral | Tímpano Gótico


RENASCIMENTO

O termo Renascimento é comumente aplicado à civilização européia que se desenvolveu entre 1300 e 1650. Além de reviver a antiga cultura greco-romana, ocorreram nesse período muitos progressos e incontáveis realizações no campo das artes, da literatura e das ciências, que superaram a herança clássica. O ideal do humanismo foi sem duvida o móvel desse progresso e tornou-se o próprio espírito do Renascimento. Trata-se de uma volta deliberada, que propunha a ressurreição consciente (o re-nascimento) do passado, considerado agora como fonte de inspiração e modelo de civilização. Num sentido amplo, esse ideal pode ser entendido como a valorização do homem (Humanismo) e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural, conceitos que haviam impregnado a cultura da Idade Média.
Características gerais:
* Racionalidade
* Dignidade do Ser Humano
* Rigor Científico
* Ideal Humanista
* Reutilização das artes greco-romana

ARQUITETURA
Na arquitetura renascentista, a ocupação do espaço pelo edifício baseia-se em relações matemáticas estabelecidas de tal forma que o observador possa compreender a lei que o organiza, de qualquer ponto em que se coloque.
“Já não é o edifício que possui o homem, mas este que, aprendendo a lei simples do espaço, possui o segredo do edifício” (Bruno Zevi, Saber Ver a Arquitetura)
Principais características:
* Ordens Arquitetônicas
* Arcos de Volta-Perfeita
* Simplicidade na construção
* A escultura e a pintura se desprendem da arquitetura e passam a ser autônomas
* Construções; palácios, igrejas, vilas (casa de descanso fora da cidade), fortalezas (funções militares)
O principal arquiteto renascentista:
Brunelleschi - é um exemplo de artista completo renascentista, pois foi pintor, escultor e arquiteto. Além de dominar conhecimentos de Matemática, Geometria e de ser grande conhecedor da poesia de Dante. Foi como construtor, porém, que realizou seus mais importantes trabalhos, entre eles a cúpula da catedral de Florença e a Capela Pazzi.

PINTURA
Principais características:
* Perspectiva: arte de figura, no desenho ou pintura, as diversas distâncias e proporções que têm entre si os objetos vistos à distância, segundo os princípios da matemática e da geometria.
* Uso do claro-escuro: pintar algumas áreas iluminadas e outras na sombra, esse jogo de contrastes reforça a sugestão de volume dos corpos.
* Realismo: o artistas do Renascimento não vê mais o homem como simples observador do mundo que expressa a grandeza de Deus, mas como a expressão mais grandiosa do próprio Deus. E o mundo é pensado como uma realidade a ser compreendida cientificamente, e não apenas admirada.
* Inicia-se o uso da tela e da tinta à óleo.
* Tanto a pintura como a escultura que antes apareciam quase que exclusivamente como detalhes de obras arquitetônicas, tornam-se manifestações independentes.
* Surgimento de artistas com um estilo pessoal, diferente dos demais, já que o período é marcado pelo ideal de liberdade e, conseqüentemente, pelo individualismo.
Os principais pintores foram:

Botticelli - os temas de seus quadros foram escolhidos segundo a possibilidade que lhe proporcionavam de expressar seu ideal de beleza. Para ele, a beleza estava associada ao ideal cristão. Por isso, as figuras humanas de seus quadros são belas porque manifestam a graça divina, e, ao mesmo tempo, melancólicas porque supõem que perderam esse dom de Deus.
Obras destacadas: A Primavera e O Nascimento de Vênus.
Leonardo da Vinci - ele dominou com sabedoria um jogo expressivo de luz e sombra, gerador de uma atmosfera que parte da realidade mas estimula a imaginação do observador. Foi possuidor de um espírito versátil que o tornou capaz de pesquisar e realizar trabalhos em diversos campos do conhecimento humano.
Obras destacadas: A Virgem dos Rochedos e Monalisa.
Michelângelo - entre 1508 e 1512 trabalhou na pintura do teto da Capela Sistina, no Vaticano. Para essa capela, concebeu e realizou grande número de cenas do Antigo Testamento. Dentre tantas que expressam a genialidade do artista, uma particularmente representativa é a criação do homem.
Obras destacadas: Teto da Capela Sistina e a Sagrada Família
Rafael - suas obras comunicam ao observador um sentimento de ordem e segurança, pois os elementos que compõem seus quadros são dispostos em espaços amplo, claros e de acordo com uma simetria equilibrada. Foi considerado grande pintor de “Madonas”.
Obras destacadas: A Escola de Atenas e Madona da Manhã.

ESCULTURA
Em meados do século XV, com a volta dos papas de Avinhão para Roma, esta adquire o seu prestígio. Protetores das artes, os papas deixam o palácio de Latrão e passam a residir no Vaticano. Ali, grandes escultores se revelam, o maior dos quais é Michelângelo, que domina toda a escultura italiana do século XVI. Algumas obras: Moisés, Davi (4,10m) e Pietá.
Outro grande escultor desse período foi Andrea del Verrochio. Trabalhou em ourivesaria e esse fato acabou influenciando sua escultura. Obra destacada: Davi (1,26m) em bronze.
Principais Características:
* Buscavam representar o homem tal como ele é na realidade
* Proporção da figura mantendo a sua relação com a realidade
* Profundidade e perspectiva
* Estudo do corpo e do caráter humano
O Renascimento Italiano se espalha pela Europa, trazendo novos artistas que nacionalizaram as idéias italianas. São eles:

* Dürer * Hans Holbein
* Bosch * Bruegel
Para seu conhecimento
- A Capela Sistina foi construída por ordem de Sisto IV (retangular 40 x 13 x 20 altura). E é na própria Capela que se faz o Conclave: reunião com os cardeais após a morte do Papa para proceder a eleição do próximo. Lareira que produz fumaça negra - que o Papa ainda não foi escolhido; fumaça branca - que o Papa acaba de ser escolhido, avisa o povo na Praça de São Pedro, no Vaticano
- Michelângelo dominou a escultura e o desenho do corpo humano maravilhosamente bem, pois tendo dissecado cadáveres por muito tempo, assim como Leonardo da Vinci, sabia exatamente a posição de cada músculo, cada tendão, cada veia.
- Além de pintor, Leonardo da Vinci, foi grande inventor. Dentre as suas invenções estão: “Parafuso Aéreo”, primitiva versão do helicóptero, a ponte elevadiça, o escafandro, um modelo de asa-delta, etc.
- Quando deparamos com o quadro da famosa MONALISA não conseguimos desgrudar os olhos do seu olhar, parece que ele nos persegue. Por que acontece isso? Será que seus olhos podem se mexer? Este quadro foi pintado, pelo famoso artista e inventor italiano Leonardo da Vinci (1452-1519) e qual será o truque que ele usou para dar esse efeito? Quando se pinta uma pessoa olhando para a frente (olhando diretamente para o espectador) tem-se a impressão que o personagem do quadro fixa seu olhar em todos. Isso acontece porque os quadros são lisos. Se olharmos para a Monalisa de um ou de outro lado estaremos vendo-a sempre com os olhos e a ponta do nariz para a frente e não poderemos ver o lado do seu rosto. Aí está o truque em qualquer ângulo que se olhe a Monalisa a veremos sempre de frente.

IMAGENS
A Degola dos Inocentes | Casamento da Virgem | Primavera | Virgem dos Rochedos | Anunciação | Cristo (Mategna) | Escravo Atlante | Igreja Santa Maria Pace | Jardim das Delícias | Monalisa | Nascimento de Vênus | Nossa Senhora Rolim | Os Cambistas | Piedade | Piedade (Michelangelo) | Pilastras Vaticano | Santa Maria Fiori | São Jerônimo | Virgem e o Menino


BARROCO

A arte barroca originou-se na Itália (séc. XVII) mas não tardou a irradiar-se por outros países da Europa e a chegar também ao continente americano, trazida pelos colonizadores portugueses e espanhóis.
As obras barrocas romperam o equilíbrio entre o sentimento e a razão ou entre a arte e a ciência, que os artistas renascentistas procuram realizar de forma muito consciente; na arte barroca predominam as emoções e não o racionalismo da arte renascentista.
É uma época de conflitos espirituais e religiosos. O estilo barroco traduz a tentativa angustiante de conciliar forças antagônicas: bem e mal; Deus e Diabo; céu e terra; pureza e pecado; alegria e tristeza; paganismo e cristianismo; espírito e matéria.
Suas características gerais são:
* emocional sobre o racional; seu propósito é impressionar os sentidos do observador, baseando-se no princípio segundo o qual a fé deveria ser atingida através dos sentidos e da emoção e não apenas pelo raciocínio.
* busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contracurvas, colunas retorcidas;
* entrelaçamento entre a arquitetura e escultura;
* violentos contrastes de luz e sombra;
* pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de ver o céu, tal a aparência de profundidade conseguida.

PINTURA
Características da pintura barroca:
* Composição assimétrica, em diagonal - que se revela num estilo grandioso, monumental, retorcido, substituindo a unidade geométrica e o equilíbrio da arte renascentista.
* Acentuado contraste de claro-escuro (expressão dos sentimentos) - era um recurso que visava a intensificar a sensação de profundidade.
* Realista, abrangendo todas as camadas sociais.
* Escolha de cenas no seu momento de maior intensidade dramática.
Dentre os pintores barrocos italianos:
Caravaggio - o que melhor caracteriza a sua pintura é o modo revolucionário como ele usa a luz. Ela não aparece como reflexo da luz solar, mas é criada intencionalmente pelo artista, para dirigir a atenção do observador.
Obra destacada: Vocação de São Mateus.
Andrea Pozzo - realizou grandes composições de perspectiva nas pinturas dos tetos das igrejas barrocas, causando a ilusão de que as paredes e colunas da igreja continuam no teto, e de que este se abre para o céu, de onde santos e anjos convidam os homens para a santidade.
Obra destacada: A Glória de Santo Inácio.
A Itália foi o centro irradiador do estilo barroco. Dentre os pintores mais representativos, de outros países da Europa, temos:
Velázquez - além de retratar as pessoas da corte espanhola do século XVII procurou registrar em seus quadros também os tipos populares do seu país, documentando o dia-a-dia do povo espanhol num dado momento da história.
Obra destacada: O Conde Duque de Olivares.
Rubens (espanhol) - além de um colorista vibrante, se notabilizou por criar cenas que sugerem, a partir das linhas contorcidas dos corpos e das pregas das roupas, um intenso movimento. Em seus quadros, é geralmente, no vestuário que se localizam as cores quentes - o vermelho, o verde e o amarelo - que contrabalançam a luminosidade da pele clara das figuras humanas.
Obra destacada: O Jardim do Amor.
Rembrandt (holandês) - o que dirige nossa atenção nos quadros deste pintor não é propriamente o contraste entre luz e sombra, mas a gradação da claridade, os meios-tons, as penumbras que envolvem áreas de luminosidade mais intensa.
Obra destacada: Aula de Anatomia.

ESCULTURA
Suas características são: o predomío das linhas curvas, dos drapeados das vestes e do uso do dourado; e os gestos e os rostos das personagens revelam emoções violentas e atingem uma dramaticidade desconhecida no Renascimento.
Bernini - arquiteto, urbanista, decorador e escultor, algumas de suas obras serviram de elementos decorativos das igrejas, como, por exemplo, o baldaquino e a cadeira de São Pedro, ambos na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Obra destacada: A Praça de São Pedro, Vaticano e o Êxtase de Santa Teresa.

Para seu conhecimento
Barroco: termo de origem espanhola ‘Barrueco’, aplicado para designar pérolas de forma irregular.



IMAGENS
Lição de Anatomia do Dr. Tulp | A Ronda Noturna | Mulher Banhando-se num Córrego | O Bobo da Corte Sebastián de Morra | Vênus ao Espelho | Os Síndicos da Corporação de Tecelões de Amsterdam | As Meninas | A Chegada de Maria de Médicis a Marselha | Retrato de Susanna Fourment | A Cabeça de uma Criança


ROCOCÓ

Rococó é o estilo artístico que surgiu na França como desdobramento do barroco, mais leve e intimista que aquele e usado inicialmente em decoração de interiores.
Desenvolveu-se na Europa do século XVIII, e da arquitetura disseminou-se para todas as artes. Vigoroso até o advento da reação neoclássica, por volta de 1770, difundiu-se principalmente na parte católica da Alemanha, na Prússia e em Portugal.

Os temas utilizados eram cenas eróticas ou galantes da vida cortesã (as fêtes galantes) e da mitologia, pastorais, alusões ao teatro italiano da época, motivos religiosos e farta estilização naturalista do mundo vegetal em ornatos e molduras.

O termo deriva do francês rocaille, que significa "embrechado", técnica de incrustação de conchas e fragmentos de vidro utilizadas originariamente na decoração de grutas artificiais.

Na França, o rococó é também chamado estilo Luís XV e Luís XVI.

Características gerais:

· Uso abundante de formas curvas e pela profusão de elementos decorativos, tais como conchas, laços e flores.
· Possui leveza, caráter intimista, elegância, alegria, bizarro, frivolidade e exuberante.

ARQUITETURA
Durante o Iluminismo, entre 1700 e 1780, o rococó foi a principal corrente da arte e da arquitetura pós-barroca. Nos primeiros anos do século XVIII, o centro artístico da Europa transferiu-se de Roma para Paris. Surgido na França com a obra do decorador Pierre Lepautre, o rococó era a princípio apenas um novo estilo decorativo.

Principais características:

· Cores vivas foram substituídas por tons pastéis, a luz difusa inundou os interiores por meio de numerosas janelas e o relevo abrupto das superfícies deu lugar a texturas suaves.
· A estrutura das construções ganhou leveza e o espaço interno foi unificado, com maior graça e intimidade.


Principal Artista:

Johann Michael Fischer, (1692-1766), responsável pela abadia beneditina de Ottobeuren, marco do rococó bávaro. Grande mestre do estilo rococó, responsável por vários edifícios na Baviera. Restaurou dezenas de igrejas, mosteiros e palácios.

ESCULTURA
Na escultura e na pintura da Europa oriental e central, ao contrário do que ocorreu na arquitetura, não é possível traçar uma clara linha divisória entre o barroco e o rococó, quer cronológica, quer estilisticamente.

Mais do que nas peças esculpidas, é em sua disposição dentro da arquitetura que se manifesta o espírito rococó. Os grandes grupos coordenados dão lugar a figuras isoladas, cada uma com existência própria e individual, que dessa maneira contribuem para o equilíbrio geral da decoração interior das igrejas.


Principais Artistas:

Johann Michael Feichtmayr, (1709-1772), escultor alemão, membro de um grupo de famílias de mestres da moldagem no estuque, distinguiu-se pela criação de santos e anjos de grande tamanho, obras-primas dos interiores rococós.


Ignaz Günther, (1725-1775), escultor alemão, um dos maiores representantes do estilo rococó na Alemanha. Suas esculturas eram em geral feitas em madeira e a seguir policromadas. "Anunciação", "Anjo da guarda", "Pietà".

PINTURA
Durante muito tempo, o rococó francês ficou restrito às artes decorativas e teve pequeno impacto na escultura e pintura francesas. No final do reinado de Luís XIV, em que se afirmou o predomínio político e cultural da França sobre o resto da Europa, apareceram as primeiras pinturas rococós sob influência da técnica de Rubens.

Principais Artistas:

Antoine Watteau, (1684-1721), as figuras e cenas de Watteau se converteram em modelos de um estilo bastante copiado, que durante muito tempo obscureceu a verdadeira contribuição do artista para a pintura do século XIX.

François Boucher, (1703-1770), as expressões ingênuas e maliciosas de suas numerosas figuras de deusas e ninfas em trajes sugestivos e atitudes graciosas e sensuais não evocavam a solenidade clássica, mas a alegre descontração do estilo rococó. Além dos quadros de caráter mitológico, pintou, sempre com grande perfeição no desenho, alguns retratos, paisagens ("O casario de Issei") e cenas de interior ("O pintor em seu estúdio").

Jean-Honoré Fragonard , (1732-1806), desenhista e retratista de talento, Fragonard destacou-se principalmente como pintor do amor e da natureza, de cenas galantes em paisagens idílicas. Foi um dos últimos expoentes do período rococó, caracterizado por uma arte alegre e sensual, e um dos mais antigos precursores do impressionismo.

IMAGENS
Banhistas | Carta de Amor | Embarque Citera | Igreja Ottobeuren | Personagens de Comédia Italiana
NEOCLASSICISMO

Nas duas últimas décadas do século XVIII e nas três primeiras do século XIX, uma nova tendência estética predominou nas criações dos artistas europeus. Trata-se do Neoclassicismo (neo = novo), que expressou os valores próprios de uma nova e fortalecida burguesia, que assumiu a direção da Sociedade européia após a Revolução Francesa e principalmente com o Império de Napoleão.

Principais características:

* retorno ao passado, pela imitação dos modelos antigos greco-latinos;
* academicismo nos temas e nas técnicas, isto é, sujeição aos modelos e às regras ensinadas nas escolas ou academias de belas-artes;
* arte entendida como imitação da natureza, num verdadeiro culto à teoria de Aristóteles.

ARQUITETURA

Tanto nas construções civis quanto nas religiosas, a arquitetura neoclássica seguiu o modelo dos templos greco-romanos ou o das edificações do Renascimento italiano. Exemplos dessa arquitetura são a igreja de Santa Genoveva, transformada depois no Panteão Nacional, em Paris, e a Porta do Brandemburgo, em Berlim.

PINTURA

A pintura desse período foi inspirada principalmente na escultura clássica grega e na pintura renascentista italiana, sobretudo em Rafael, mestre inegável do equilíbrio da composição.

Características da pintura:

* Formalismo na composição, refletindo racionalismo dominante.
* Exatidão nos contornos
* Harmonia do colorido

Os maiores representantes da pintura neoclássica são, sem dúvida,

Jacques-Louis David - foi considerado o pintor da Revolução Francesa, mais tarde, tornou-se o pintor oficial do Império de Napoleão. Durante o governo de Napoleão, registrou fatos históricos ligados à vida do imperador. Suas obras geralmente expressam um vibrante realismo, mas algumas delas exprimem fortes emoções.
Obra destacada: Bonaparte atravessando os Alpes e Morte de Marat

Auto RetratoJean-Auguste-Dominique Ingres (1780-1867), o pintor foi uma espécie de cronista visual da sociedade de seu tempo. Ingres acreditava qua a tarefa primordial da arte era produzir quadros históricos. Ardoroso defensor da pureza das formas, ele afirmava, por exemplo, que desenhar uma linha perfeita era muito mais importante do que colorir. " A pincelada deve ser tão fina como a casca de uma cebola", repetia a seus alunos. Sua obra abrange, Banhista de Valpinçonalém de composições mitológicas e literárias, nus, retratos e paisagens, mas a crítica moderna vê nos retratos e nus o seu trabalho mais admirável.Madame Moitessier Ingres soube registrar a fisionomia da classe burguesa do seu tempo, principalmente no gosto pelo poder e na sua confiança na individualidade. Amante declarado da tradição. Ingres passou a vida brigando contra a vanguarda artística francesa representada pelo pintor romântico Eugène Delacroix, contudo foi Ingres, e não o retórico e inflamado Delacroix, o mais revolucionário dos dois. A modernidade de Ingres está justamente na visão distanciada que tinha de sue retratados, na recusa a produzir qualquer julgamento moral a respeito deles, numa época em que se cA Grande Odaliscaonsumava o processo de aliança entre a nobreza e a burguesia. O detalhismo também é uma das suas marcas registradas. Seus retratos são invariavelmente enriquecidos com mantos aveludados, rendas, flores e jóias.




Para seu conhecimento

Forte influência da arquitetura neoclássica foi a descoberta arqueológica das cidades italianas de Pompéia e Herculano que, no ano de 79 a.C., foram cobertas pelas lavas do vulcão Vesúvio. Diante daquelas construções, num erro de interpretação, os historiadores de arte acreditavam que os edifícios gregos eram recobertos com mármore branco, ocasionando a construção de tantos edifícios brancos. Exemplo: Casa Branca dos Estados Unidos.
ROMANTISMO

O século XIX foi agitado por fortes mudanças sociais, políticas e culturais causadas por acontecimentos do final do século XVIII que foram a Revolução Industrial que gerou novos inventos com o objetivo de solucionar os problemas técnicos decorrentes do aumento de produção, provocando a divisão do trabalho e o início da especialização da mão-de-obra, e pela Revolução Francesa que lutava por uma sociedade mais harmônica, em que os direitos individuais fossem respeitados, traduziu-se essa expectativa na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Do mesmo modo, a atividade artística tornou-se complexa.
Os artistas românticos procuraram se libertar das convenções acadêmicas em favor da livre expressão da personalidade do artista.
Características gerais:
* a valorização dos sentimentos e da imaginação;
* o nacionalismo;
* a valorização da natureza como princípios da criação artística; e
* os sentimentos do presente tais como: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

ARQUITETURA E ESCULTURA
A escultura e a arquitetura registram pouca novidade. Observa-se, grosso modo, a permanência do estilo anterior, o neoclássico. Vez por outra retomou-se o estilo gótico da época medieval, gerando o neogótico.
Obra Destacada: Edifício do Parlamento Inglês

PINTURA
Características da pintura:
* Aproximação das formas barrocas;
* Composição em diagonal sugerindo instabilidade e dinamismo ao observador;
* Valorização das cores e do claro-escuro; e
* Dramaticidade

Temas da pintura:
* Fatos reais da história nacional e contemporânea da vida dos artistas;
* Natureza revelando um dinamismo equivalente as emoções humanas; e
* Mitologia Grega

Principais artistas:
Goya - Nasceu no pequeno povoado de Fuendetodos, Espanha, em 1746. Morreu em Bordeaux, em 1828. Goya e sua mitologia povoada por sonhos e pesadelos, seres deformados, tons opressivos. Senhor absoluto da caricatura do seu tempo. Trabalhou temas diversos: retratos de personalidades da corte espanhola e de pessoas do povo, os horrores da guerra, a ação incompreensível de monstros, cenas históricas e as lutas pela liberdade.
Obra destacada: Os Fuzilamentos de 3 de maio de 1808.
Turner - representou grandes movimentos da natureza, mas por meio do estudo da luz que a natureza reflete, procurou descrever uma certa atmosfera da paisagem. Uma das primeiras vezes que a arte registra a presença da máquina (locomotiva).
Obras destacadas: Chuva, Vapor e Velocidade e O Grande Canal, Veneza.
Auto RetratoEugène Delacroix (1798-1863), suas obras apresentam forte comprometimento político e o valor da pintura é assegurada pelo uso das cores, das luzes e das sombras, dando-nos a sensação de grande movimentação. Representava assuntos abstratos personificando-os (alegorias). Culto, dono de uma língua ferina, rico e namorador. Amigo do compositor Frèderic Chopin, inimigo do romancista Honoré de Balzac, Dante e Virgílio no Infernoadmirado pelo poeta Charles Baudelaire e indiferente às demais celebridades de seu tempo, Delacroix tinha noção da própria grandeza. "A principal qualidade de um quadro é ser uma festa para os olhos", escreveu na derradeira nota de seus famosos diários, em 1963, menos de dois meses antes de morrer. Nascido num momento crucial da História da França, aquele em que a burguesia revolucionária colhia os frutos de seu triunfo sobre o monarquia dos reis Capeto, o pintor viveu a maior parte da vida jovem e adulta num mundo que voltava aos poucos à antiga ordem natural das coisas. Assistiu à ascensão e queda de Napoleão Bonaparte, a restauração da dinastia dos Bourbon e, finalmente, a entronização do rei Luís Felipe, em 1830. Seu quadro mais conhecido A Liberdade Guiando o Povo, muitas vezes tomado como um símbolo das lutas populares e republicanas, foi feito por inspiração do movimento que levou Luís Felipe ao trono da França.

Para seu conhecimento:
A palavra romantismo designa uma maneira de se comportar, de agir, de interpretar a realidade. O comportamento romântico caracteriza-se pelo sonho, por uma atitude emotiva diante das coisas e esse comportamento pode ocorrer em qualquer tempo da história.
Romantismo designa uma tendência geral da vida e da arte; portanto, nomeia um sistema, um estilo delimitado no tempo.
IMAGENS
Auto-Retrato | A Barca de Dante | A Maja Desnuda | A Liberdade Guiando o Povo | A Mulher do Leque | Com Razão ou Sem Ela | A Morte de Sardanápalo | A Sombrinha
REALISMO

Entre 1850 e 1900 surge nas artes européias, sobretudo na pintura francesa, uma nova tendência estética chamada Realismo, que se desenvolveu ao lado da crescente industrialização das sociedades. O homem europeu, que tinha aprendido a utilizar o conhecimento científico e a técnica para interpretar e dominar a natureza, convenceu-se de que precisava ser realista, inclusive em suas criações artísticas, deixando de lado as visões subjetivas e emotivas da realidade.

São características gerais:

* o cientificismo
* a valorização do objeto
* o sóbrio e o minucioso
* a expressão da realidade e dos aspectos descritivos

ARQUITETURA

Os arquitetos e engenheiros procuram responder adequadamente às novas necessidades urbanas, criadas pela industrialização. As cidades não exigem mais ricos palácios e templos. Elas precisam de fábricas, estações, ferroviárias, armazéns, lojas, bibliotecas, escolas, hospitais e moradias, tanto para os operários quanto para a nova burguesia.
Em 1889, Gustavo Eiffel levanta, em Paris, a Torre Eiffel, hoje logotipo da "Cidade Luz".


ESCULTURA

Auguste Rodin - não se preocupou com a idealização da realidade. Ao contrário, procurou recriar os seres tais como eles são. Além disso, os escultores preferiam os temas contemporâneos, assumindo muitas vezes uma intenção política em suas obras. Sua característica principal é a fixação do momento significativo de um gesto humano.
Obras destacadas: Balzac, Os Burgueses de Calais, O Beijo e O Pensador.

PINTURA

Características da pintura:
* Representação da realidade com a mesma objetividade com que um cientista estuda um fenômeno da natureza, ou seja o pintor buscava representar o mundo de maneira documental;
* Ao artista não cabe "melhorar" artisticamente a natureza, pois a beleza está na realidade tal qual ela é; e.
* Revelação dos aspectos mais característicos e expressivos da realidade.

Temas da pintura:

* Politização: a arte passa a ser um meio para denunciar uma ordem social que consideram injusta; a arte manifesta um protesto em favor dos oprimidos.
* Pintura social denunciando as injustiças e as imensas desigualdades entre a miséria dos trabalhadores e a opulência da burguesia. As pessoas das classes menos favorecidas - o povo, em resumo - tornaram-se assunto freqüente da pintura realista. Os artistas incorporavam a rudeza, a fealdade, a vulgaridade dos tipos que pintavam, elevando esses tipos à categoria de heróis. Heróis que nada têm a ver com os idealizados heróis da pintura romântica.


Principais pintores:

Courbet - foi considerado o criador do realismo social na pintura, pois procurou retratar em suas telas temas da vida cotidiana, principalmente das classes populares. Manifesta sua simpatia particular pelos trabalhadores e pelos homens mais pobres da sociedade no século XIX.
Obra destacada: Moças Peneirando o Trigo.

Jean-François Millet, sensível observador da vida campestre, criou uma obra realista na qual o principal elemento é a ligação atávica do homem com a terra. Foi educado num meio de profunda religiosidade e respeito pela natureza. Trabalhou na lavoura desde muito cedo. Seus numerosos desenhos de paisagens influenciaram, mais tarde, Pissarro e Van Gogh. É o caso, por exemplo, "Angelus".

Para seu conhecimento

Courbet dizia: "Sou democrata, republicano, socialista, realista, amigo da verdade e verdadeiro"
A palavra realismo designa uma maneira de agir, de interpretar a realidade. Esse comportamento caracteriza-se pela objetividade, por uma atitude racional das coisas pode ocorrer em qualquer tempo da história.
O termo Realismo significa um estilo de época que predominou na segunda metade do século XIX.

IMAGENS
Pintura da Igreja de Gréville | As Respingadeiras | Honoré de Balzac | A Jovem Mãe | O Beijo | Os Burgueses de Calais | Angelus | Enterro em Ornans | O Atelie do Artista | Auto-Retrato

IMPRESSIONISMO

O Impressionismo foi um movimento artístico que revolucionou profundamente a pintura e deu início às grandes tendências da arte do século XX. Havia algumas considerações gerais, muito mais práticas do que teóricas, que os artistas seguiam em seus procedimentos técnicos para obter os resultados que caracterizaram a pintura impressionista.
Principais características da pintura:
* A pintura deve registrar as tonalidades que os objetos adquirem ao refletir a luz solar num determinado momento, pois as cores da natureza se modificam constantemente, dependendo da incidência da luz do sol.
* As figuras não devem ter contornos nítidos, pois a linha é uma abstração do ser humano para representar imagens.
* As sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão visual que nos causam, e não escuras ou pretas, como os pintores costumavam representá-las no passado.
* Os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo com a lei das cores complementares. Assim, um amarelo próximo a um violeta produz uma impressão de luz e de sombra muito mais real do que o claro-escuro tão valorizado pelos pintores barrocos.
* As cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura das tintas na paleta do pintor. Pelo contrário, devem ser puras e dissociadas nos quadros em pequenas pinceladas. É o observador que, ao admirar a pintura, combina as várias cores, obtendo o resultado final. A mistura deixa, portanto, de ser técnica para se óptica.

A primeira vez que o público teve contato com a obra dos impressionistas foi numa exposição coletiva realizada em Paris, em abril de 1874. Mas o público e a crítica reagiram muito mal ao novo movimento, pois ainda se mantinham fiéis aos princípios acadêmicos da pintura.

Principais artistas:
Claude Monet - incessante pesquisador da luz e seus efeitos, pintou vários motivos em diversas horas do dia, afim de estudar as mutações coloridas do ambiente com sua luminosidade.
Obras Destacadas: Mulheres no Jardim e a Catedral de Rouen em Pleno Sol.






















Auguste Renoir - foi o pintor impressionista que ganhou maior popularidade e chegou mesmo a ter o reconhecimento da crítica, ainda em vida. Seus quadros manifestam otimismo, alegria e a intensa movimentação da vida parisiense do fim do século XIX. Pintou o corpo feminino com formas puras e isentas de erotismo e sensualidade, preferia os nus ao ar livre, as composições com personagens do cotidiano, os retratos e as naturezas mortas.
Obras Destacadas: Baile do Moulin de la Galette e La Grenouillière.




Edgar Degas - sua formação acadêmica e sua admiração por Ingres fizeram com que valorizasse o desenho e não apenas a cor, que era a grande paixão do Impressionismo. Além disso, foi pintor de poucas paisagens e cenas ao ar livre. Os ambientes de seus quadros são interiores e a luz é artificial. Sua grande preocupação era flagrar um instante da vida das pessoas, aprender um momento do movimento de um corpo ou da expressão de um rosto. Adorava o teatro de bailados.
Obra Destacada: O Ensaio.



















Seurat - Mestre no pontilhismo. Obra Destacada: Tarde de Domingo na Ilha Grande Jatte.




No Brasil, destaca-se o pintor Eliseu Visconti, ele já não se preocupa mais em imitar modelos clássicos; procura, decididamente, registrar os efeitos da luz solar nos objetivos e seres humanos que retrata em suas telas. Ganhou uma viagem à Europa, onde teve contato com a obra dos impressionistas. A influência que recebeu desses artistas foi tão grande que ele é considerado o maior representante dessa tendência na pintura brasileira.
Obra destacadas são: Trigal e Maternidade.
Para seu conhecimento
- O quadro Mulheres no Jardim, de Monet, foi pintado totalmente ao ar livre e sempre com a luz do sol. São cenas do jardim da casa do artista.
- O movimento impressionista foi idealizado nas reuniões com seus principais pintores e elas aconteciam no estúdio fotográfico de Nadar, na Rue de Capucines, Paris.
EXPRESSIONISMO

O Expressionismo é a arte do instinto, trata-se de uma pintura dramática, subjetiva, “expressando” sentimentos humanos. Utilizando cores irreais, dá forma plástica ao amor, ao ciúme, ao medo, à solidão, à miséria humana, à prostituição. Deforma-se a figura, para ressaltar o sentimento.
Predominância dos valores emocionais sobre os intelectuais. Corrente artística concentrada especialmente na Alemanhaentre 1905 e 1930.
Principais características:
* pesquisa no domínio psicológico;
* cores resplandecentes, vibrantes, fundidas ou separadas;
* dinamismo improvisado, abrupto, inesperado;
* pasta grossa, martelada, áspera;
* técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, fazendo e refazendo, empastando ou provocando explosões;
* preferência pelo patético, trágico e sombrio
OBSERVAÇÃO: Alguns historiadores determinam para esses pintores o movimento ”Pós Impressionista”. Os pintores não queriam destruir os efeitos impressionistas, mas queriam levá-los mais longe. Os três primeiros pintores abaixo estão incluídos nessa designação.

Principais artistas:
Paul Gauguin (1848-1903) - Depois de passar a infância no Peru, Gauguin voltou com os pais para a França, mais precisamente para Orléans. Em 1887 entrou para a marinha e mais tarde trabalhou na bolsa de valores. Aos 35 anos tomou a decisão mais importante de sua vida: dedicar-se totalmente à pintura. Começou assim uma vida de viagens e boemia, que resultou numa produção artística singular e determinante das vanguardas do século XX. Sua obra, longe de poder ser enquadrada em algum movimento, foi tão singular como a de seus amigos Van Gogh ou Cézanne. Apesar disso, é verdade que teve seguidores e que pode ser considerado o fundador do grupo Navis, que, mais do que um conceito artístico, representava uma forma de pensar a pintura como filosofia de vida. Suas primeiras obras tentavam captar a simplicidade da vida no campo, algo que ele consegue com a aplicação arbitrária das cores, em oposição a qualquer naturalismo, como demonstra o seu famoso Cristo Amarelo. As cores se estendem planas e puras sobre a superfície, quase decorativamente.
No ano de 1891, o pintor parte para o Taiti, em busca de novos temas, para se libertar dos condicionamentos da Europa. Suas telas surgem carregadas da iconografia exótica do lugar, e não faltam cenas que mostram um erotismo natural, fruto, segundo conhecidos do pintor, de sua paixão pelas nativas. A cor adquire mais preponderância representada pelos vermelhos intensos, amarelos, verdes e violetas. Quando voltou a Paris, realizou uma exposição individual na galeria de Durand-Ruel, voltou ao Taiti, mas fixou-se definitivamente na ilha Dominique. Obra Destacada: Jovens Taitianas com Flores de Manga.

Paul Cézanne (1839-1906) - sua principal tendência foi converter os elementos naturais em figuras geométricas - como cilindros, cones e esferas – que se acentuou cada vez mais, de tal forma que se tornaria impossível para ele recriar a realidade segundo “impressões” captadas pelos sentidos.
Na França de 1870, Cézanne era conhecido como um artista subversivo, de difícil temperamento, que quebrou com a visão estereotipada de que a obra de arte tinha de ser uma cópia da realidade.
Mais do que reproduzir, Cézanne se preocupava em interpretar as cenas ao seu redor, violando, literalmente, a realidade do objeto. A maioria dos seus quadros transmite uma emoção, por vezes, considerada intragável pelos críticos da época.
Colega dos principais artistas do movimento impressionista francês como Renoir, Monet e Degas, Cézanne diferenciava-se deles por sua técnica de construção rigorosa que mais tarde evoluiria para as formas geométricas. Sua grande aspiração, dizia, era “fazer do impressionismo algo sólido e durável como as artes dos museus”. A autonomia da arte, tão bem divulgada por ele, foi a premissa básica do Cubismo de Picasso e Braque que surgiria nos primeiros anos do século 20.
No começo da carreira artística ele chocou o público pintando temas sensuais, entre eles, “A Orgia” e a “Tentação de Santo Antão”, ambos pintados entre 1864 e 1868. Neste último o pintor destacava mulheres nuas com enormes nádegas As pessoas para ele eram tidas como objetos, da mesma forma que maçãs e laranjas. Retratar banhistas virou uma obsessão para o pintor. Irritava-se com freqüência com os seus modelos. “Por que você se mexe? Uma maça por acaso se mexe?", implicava.
Nos diversos artigos que escreveu para os jornais da época, criticava o sistema artístico estabelecido e enaltecia a arte dos pintores impressionistas, Zola chamava Cézanne de o maior colorista do grupo. “As telas tão fortes e tão vívidas podem até provocar risos nos burgueses, mas de qualquer forma indicam os elementos de um grande pintor”, disse ele num artigo de 1877, publicado num jornal de Marselha.
Não conseguindo entrar na Escola de Belas Artes e tendo vários dos seus quadros recusados no Grande Salão de Paris, Cézanne volta para Aix, onde se casa e tem um filho. Passa os últimos 30 anos de sua vida, morando em diferentes cidades do sul da França e indo eventualmente a Paris. Manteve, na década de 1880, pouco contato com os pintores, entre eles Pisarro e Paul Gachet, artista amador, que comprou várias de suas obras. Volta para Paris em 1874, por insistência de Pisarro, para a primeira mostra coletiva dos pintores impressionistas. As suas telas são as que mais despertam zombarias do público.
Tanto na “A Casa dos Enforcados” , como na “Moderna Olympia”, exibidas no Grande Salão, Cézanne já esboça a sua tendência às formas geométricas. Um exemplo do seu perfeccionismo pelas formas pode ser expresso pelos seus 60 quadros acerca do mesmo tema: o Monte Saint Victoire, próximo à Aix. Ele ficou quase 30 anos aprimorando a “geometria” da montanha em aquarelas de traços retos e vigorosos e ângulos quase perfeitos.
Em outubro de 1906, foi surpreendido por uma tempestade em Aix, enquanto pintava no campo. Afetado por uma congestão pulmonar, morreu uma semana depois.
Ficheiro:Paul Cézanne 052.jpg
Nature-morte à la pendule noire, 1869-1871. Coleção Stavros Niarchos



Ficheiro:Paul Cezanne, A Modern Olympia, c. 1873-1874.jpg
Uma Olympia moderna, c. 1873-1874. Museu d'Orsay, Paris



Ficheiro:Paul Cézanne 004.jpg
aigneuses, 1874-1875. Metropolitan Museum, Nova Iorque




Ficheiro:Paul Cézanne 160.jpg
Auto-retrato com fundo rosa, 1875. Coleção privada



Ficheiro:Paul Cézanne 179.jpg
Natureza morta com maçãs e laranjas, 1895-1900. Museu d'Orsay



Ficheiro:Paul Cézanne 109.jpg
Mont Sainte-Victoire, 1904-1906. Coleção particular, Filadélfia

Vicent Van Gogh (1853-1890) - empenhou profundamente em recriar a beleza dos seres humanos e da natureza através da cor, que para ele era o elemento fundamental da pintura. Foi uma pessoa solitária. Interessou-se pelo trabalho de Gauguim, principalmente pela sua decisão de simplificar as formas dos seres, reduzir os efeitos de luz e usar zonas de cores bem definidas. Em 1888, deixou Paris e foi para Arles, cidade do sul da França, onde passou a pintar ao ar livre. O sol intenso da região mediterrânea interferiu em sua pintura, e ele libertou-se completamente de qualquer naturalismo no emprego das cores, declarando-se um colorista arbitrário. Apaixonou-se então pelas cores intensas e puras, sem nenhuma matização, pois elas tinham para ele a função de representar emoções. Entretanto ele passou por várias crises nervosas e, depois de internações e tratamentos médicos, dirigiu-se, em maio de 1890, para Anvers, uma cidade tranqüila ao norte da França. Nessa época, em três meses apenas, pintou cerca de oitenta telas com cores fortes e retorcidas. Em julho do mesmo ano, ele suicidou-se, deixando uma obra plástica composta por 879 pinturas, 1756 desenhos e dez gravuras. Enquanto viveu não foi reconhecido pelo público nem pelo críticos, que não souberam ver em sua obra os primeiros passos em direção à arte moderna, nem compreender o esforço para libertar a beleza dos seres por meio de uma explosão de cores. Obras Destacadas: Trigal com Corvos e Café à Noite.










Este é um capítulo do filme "Sonhos" de Akira Kurosawa, onde o diretor mostra um pouco das obras e da personalidade de Van Gogh. (vídeo de miccunha)




Toulouse-Lautrec (1864-1901) - Pintava temas pertencentes à vida noturna de Paris, e também foi responsável pelos cartazes das artistas que se apresentavam no Moulin Rouge. Boêmio, morreu jovem.
Obra Destacada: Ivette Guilbert que Saúda o Público.
Munch (1863-1944) - foi um dos primeiros artistas doséculo XX que conseguiu conceder às cores um valor simbólico e subjetivo, longe das representações realistas. Seus quadros exerceram grande influência nos artistas do grupo Die Brücke, que conheciam e admiravam sua obra. Nascido em Loten, Noruega, em 1863, Munch iniciou sua formação na cidade de Oslo, no ateliê do pintor Krogh. Realizou uma viagem a Paris, na qual conheceu Gauguin, Toulouse-Lautrec e Van Gogh. Em seu regresso, foi convidado a participar da exposição da Associação de Berlim. Numa segunda viagem a Paris, começou a se especializar em gravações e litografias, realizando trabalhos para a Ópera. Em pouco tempo pôde se apresentar no Salão dos Independentes. A partir de 1907, morou na Alemanha, onde, além de exposições, realizou cenários. Passou seus últimos anos em Oslo, na Noruega. Uma de suas obras mais importantes é O Grito (1889). O Grito é um exemplo dos temas que sensibilizaram os artistas ligados a essa tendência. Nela a figura humana não apresenta sua linhas reais mas contorce-se sob o efeito de suas emoções. As linhas sinuosas do céu e da água, e a linha diagonal da ponte, conduzem o olhar do observador para a boca da figura que se abre num grito perturbador. Perseguido pela tragédia familiar, Munch foi um artista determinado a criar "pessoas vivas, que respiram e sentem, sofrem e amam". Recusou o banal, as cenas interiores pacíficas, comuns na sua época. A dor e o trágico permeiam seus quadros.
















Kirchner (1880-1938) - foi um dos fundadores do grupo de pintura expressionista Die Brücke. Influenciado pelo cubismo e fauvismo, o pintor alemão deu formas geométricas às cores e despojou-as de sua função decorativa por meio de contrastes agressivos, com o fim de manifestar sua verdadeira visão da realidade. Tendo concluído seus estudos de arquitetura na cidade de Dresden, Kirchner continuou sua formação na cidade de Munique.
Pouco tempo depois reuniu-se com os pintores Heckel e Schmidt-Rottluf em Berlim, com os quais, motivados pela leitura de Nietzsche, fundou o grupo Die Brücke (A Ponte, numa referência à frase do escritor: “...a ponte que conduz ao super-homem”). Veio então a época em que os pintores se reuniam numa casa de veraneio
em Moritzburg e se dedicavam apenas ao que mais lhes interessava: pintar. Dessa época são os quadros mais ousados de paisagens e nus, bem como cenas circenses e de variedades. Em 1914 Kirchner foi convocado para a guerra, e um ano depois tentou o suicídio. Quando suas mãos se recuperaram do ferimento, voltou a pintar ao ar livre, em sua casa ao pé dos Alpes. Quando finalmente sua contribuição para a arte alemã foi reconhecida, foi nomeado membro da academia de Berlim, em 1931, para seis anos mais tarde, durante o nazismo, ver sua obra ser destruída e desprestigiada pelos órgãos de censura. Kirchner tentou mostrar em toda a sua produção pictórica uma realidade de pesadelo e decadência. Sensivelmente influenciado pelos desastres da guerra, seus quadros se transformaram num amontoado neurótico de cores contrastantes e agressivas, produto de uma profunda tristeza.No final de 1938 o pintor pôs fim à própria vida. Suas obras mais importantes estão dispersas pelos museus de arte moderna mais importantes da Alemanha.













Paul Klee (1879-1940) - considerado um dos artistas mais originais do movimento expressionista. Convencido de que a realidade artística era totalmente diferente da observada na natureza, este pintor dedicou-se durante a
toda sua carreira a buscar o ponto de encontro entre realidade e espírito. A exemplo de Kandinski, Klee estudou com o mestre Von Stuck em Munique. Depois de uma viagem pela Itália, entrou em contato com os pintores da Nova Associação de Artistas e finalmente uniu-se ao grupo de artistas do Der Blaue Reiter.
Em 1912 viajou para Paris, onde se encontrou com Delaunay, que seria de vital importância para suas obras posteriores. Klee escreveu: "A cor, como a forma, pode expressar ritmo e movimento". Mas a grande descoberta ocorreria dois anos depois, em sua primeira viagem a Túnis. As formas cúbicas da arquitetura e os graciosos arabescos na terracota deixaram sua marca na obra do pintor. Iniciou uma fase de grande produtividade, com quadros de caráter quase surrealista, criados, segundo o pintor, em cima de "matéria e sonhos". Entre eles merecem ser mencionados Anatomia de Afrodite, Demônios, Flores Noturnas e Villa R.
Depois de lutar durante dois anos na Primeira Guerra, Klee juntou-se em 1924 ao grupo Die vier Blauen, mas antes apresentou suas obras em Paris, na primeira exposição dos surrealistas. Paralelamente, começou a trabalhar como professor em Dusseldorf e mais tarde na escola da Bauhaus em Weimar. Em 1933, Klee emigrou para a Suíça. Sua última exposição em vida aconteceu em Basiléia, em 1940. Além de sua obra pictórica, Klee deixou vários trabalhos escritos que resumem seu pensamento artístico.













Amadeo Modigliani (1884-1920) - iniciou sua formação como pintor no ateliê de Micheli, em Livorno, sua cidade natal. Em 1902 entrou na Academia de Florença e um ano mais tarde na de Veneza. Três anos depois mudou-se para Paris, onde teve aulas na academia de Colarossi. Nessa cidade travou conhecimento com os pintores Utrillo, Picasso e Braque. Em 1908 participou do Salão dos Independentes e lá conheceu Juan Gris e Brancusi. Produziu então suas primeiras esculturas motivado pelas peças de arte africana chegadas à França das colônias. Esse aspecto de máscara foi uma das constantes nos seus retratos e nus sensuais. Modigliani teve em comum com os cubistas e expressionistas o distanciamento das academias, a revalorização da cor e o
estudo das formas puras. Sua visão tão subjetiva dos seres humanos e a emotividade de suas cores o aproximam mais do reduzido grupo de expressionistas franceses, composto por Rouault e Soutine. Apesar disso, pode-se muito bem dizer que sua obra, elegante, recatada e ao mesmo tempo misteriosa, pertence, juntamente com a dos mestres Cézanne e Van Gogh, para citar alguns, à dos gênios solitários.













A HISTÓRIA DE DOIS AMIGOS
Van Gogh conheceu Gauguin poucos meses antes, em Paris, e ficará fascinado com a personalidade arrebatadora desse artista aventureiro que acabava de voltar do Panamá e da Martinica com uns quadros cheios de luz e de vida primitiva, como a que ele reclamava para contra balançar "a decadência do Ocidente". Então pedira a seu irmão Theo que o ajudasse a convencer Gauguin que fosse à Provença morar com ele. Ali, nessa casa amarela, fundariam uma comunidade de artistas, da qual seriam os pioneiros. Gauguin a dirigiria e novos pintores chegariam para integrar essa confraria ou comuna fraternal, onde tudo seria partilhado, se viveria pela e para a beleza e não existiriam a propriedade privada nem o dinheiro.
Os dois meses que Van Gogh e Gauguin passaram em Arles, entre outubro e dezembro de 1888, são os mais misteriosos de suas biografias. Véspera de Natal de 1888, uma discussão no Café Estação, enquanto bebiam absinto, termina de modo abrupto: o holandês lança sua taça contra o amigo, que mal se desvia dela. No dia seguinte lhe comunica a intenção de mudar-se para um hotel pois, lhe diz, caso o episódio se repetisse, ele poderia reagir com igual violência e apertar-lhe o pescoço. Ao anoitecer, quando está atravessando o Parque Victor Hugo, Gauguin sente passos às suas costas. Volta-se e vê Van Gogh com uma navalha na mão, que, ao se sentir descoberto, foge. Guaguin vai passar a noite num hotelzinho próximo. Às 7 da manhã volta à Casa Amarela, em Arles e a descobre rodeada de vizinhos e policiais. Na véspera, depois do incidente no parque, Van Gogh havia cortado parte da orelha esquerda, levando-a, embrulhada num jornal a Rachel, prostituta com quem Van Gogh saia, no bordel de madame Virginie. Depois havia voltado ao seu quarto e ido dormir em meio a um mar de sangue. Gauguin e os policias o transferem para o Hotel Dieu e Gauguin parte para Paris na mesma noite.
Embora nunca voltassem a ver-se, nos meses seguintes, enquanto Van Gogh permanecia um ano inteiro no sanatório de Saint Rémy, os amigos de Arles trocaram algumas cartas, nas quais o episódio da mutilação da orelha e suas experiências em Arles primam pela ausência. 'Quando do suicídio de Van Gogh, um ano e meio depois, com uma bala de revólver no estômago, em Auvers-sur-Oise, Gauguin fará um comentário brevíssimo e ríspido, como se tratasse de alguém muito alheio a ele ("Foi uma sorte para ele, o fim de seus sofrimentos."). E nos anos seguintes evitará falar do holandês, como que assediado por um incômodo permanente.
No entanto, é óbvio que não o esqueceu, que essa ausência esteve muito presente nos 15 anos de vida que lhe restavam, talvez de um modo que nem sequer foi sempre consciente. Por que se empenhou em semear girassóis diante de sua cabana em Punaauia, no Taiti, quando todo mundo lhe garantira que essa flor exótica nunca havia conseguido aclimatar-se na Polinésia? Mas o "selvagem peruano", como gostava de se chamar, era teimoso e pediu sementes a seu amigo Daniel de Monfreid, e trabalhou a terra com tal perseverança que afinal seus vizinhos indígenas e os missionários daquele lugar perdido, Punaauia, puderam deleitar-se com aquelas estranhas flores amarelas que acompanhavam a trajetória do Sol.
CUBISMO

Historicamente o Cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois para ele a pintura deveria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros. Para Cézanne, a pintura não podia desvincular-se da natureza, tampouco copiava a natureza; de fato, a transformava. Ele dizia: “Mudo a água em vinho, o mundo em pintura”. E era verdade. Em suas telas, a árvore da paisagem ou a fruta da natureza morte não eram a árvore e a fruta que conhecemos – eram pintura. Preservavam-se as referências exteriores que as identificavam como árvore ou fruta, adquiriam outra substância: eram seres do mundo pictórico e não do mundo natural. Por isso, é correto dizer que Cézanne pintava numa zona limite, na fronteira da natureza e da arte.
Entretanto, os cubistas foram mais longe do que Cézanne. Passaram a representar os objetos com todas as suas partes num mesmo plano. É como se eles estivessem abertos e apresentassem todos os seus lados no plano frontal em relação ao espectador. Na verdade, essa atitude de decompor os objetos não tinha nenhum compromisso de fidelidade com a aparência real das coisas.
O pintor cubista tenta representar os objetos em três dimensões, numa superfície plana, sob formas geométricas, com o predomínio de linhas retas. Não representa, mas sugere a estrutura dos corpos ou objetos. Representa-os como se movimentassem em torno deles, vendo-os sob todos os ângulos visuais, por cima e por baixo, percebendo todos os planos e volumes.
Principais características:
· geometrização das formas e volumes
· renúncia à perspectiva
· o claro-escuro perde sua função
· representação do volume colorido sobre superfícies planas
· sensação de pintura escultórica
· cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por um ocre apagado ou um castanho suave
Braque e Picasso, seguindo a lição de Cézanne deram inicio à geometrização dos elementos da paisagem. Braque enviou alguns quadros para o Salão de Outono de 1908, onde Matisse, como membro do júri, os viu e comentou: “Ele despreza as formas, reduz tudo, sítios, figuras e casas, a esquemas geométricos, a cubos”. Essa frase, citada por Louis Vauxcelles, em artigo publicado, dias depois, no Gil Blas, daria o nome ao movimento.
O cubismo se divide em duas fases:
Cubismo Analítico - (1909) caracterizado pela desestruturação da obra em todos os seus elementos. Decompondo a obra em partes, o artista registra todos os seus elementos em planos sucessivos e superpostos, procurando a visão total da figura, examinado-a em todos os ângulos no mesmo instante, através da fragmentação dela. Essa fragmentação dos seres foi tão grande, que se tornou impossível o reconhecimento de qualquer figura nas pinturas cubistas. A cor se reduz aos tons de castanho, cinza e bege.
Cubismo Sintético - (1911) reagindo à excessiva fragmentação dos objetos e à destruição de sua estrutura. Basicamente, essa tendência procurou tornar as figuras novamente reconhecíveis. Também chamado de Colagem porque introduz letras, palavras, números, pedaços de madeira, vidro, metal e até objetos inteiros nas pinturas. Essa inovação pode ser explicada pela intenção dos artistas em criar efeitos plásticos e de ultrapassar os limites das sensações visuais que a pintura sugere, despertando também no observador as sensações táteis.
Principais artistas:
Pablo Picasso - (1881-1973) Tendo vivido 92 anos e pintado desde muito jovem até próximo à sua morte passou por diversas fases: a fase Azul, entre 1901-1904, que representa a tristeza e o isolamento provocados pelo suicídio de Casagemas, seu amigo, são evidenciados pela monocromia e também a representa a miséria e o desespero humanos; a fase Rosa, entre 1904-1907, o amor por Fernande origina muitos desenhos sensuais e eróticos, com a paixão de Picasso pelo circo, iniciam-se os ciclos dos saltimbancos e do arlequim. Depois de descobrir as artes primitivas e africanas compreende que o artista negro não pinta ou esculpi de acordo com a tendência de um determinado movimento estético, mas com uma liberdade muito maior. Picasso desenvolveu uma verdadeira revolução na arte. Em 1907, com a obra Les Demoiselles d’Avignon começa a elaborar a estética cubista que, como vimos anteriormente, se fundamenta na destruição de harmonia clássica das figuras e na decomposição da realidade, essa tela subverteu o sentido da arte moderna com a declaração de guerra em 1914, chega ao fim a aventura cubista.
Podemos destacar, também o mural Guernica, que representa, com veemente indignação, o bombardeio da cidade espanhola de Guernica pelos aliados alemães de Franco, em abril de 1937, responsável pela morte de grande parte da população civil formada por crianças, mulheres e trabalhadores.
Algumas das frases de Pablo Picasso:
"A obra de um artista é uma espécie de diário. Quando o pintor, por ocasião de uma mostra, vê algumas de suas telas antigas novamente, é como se ele estivesse reencontrando filhos pródigos - só que vestidos com túnica de ouro”.
"A Arte não é a verdade. A Arte é uma mentira que nos ensina a compreender a verdade".
“Braque sempre disse que na pintura só conta a intenção. É verdade. O que conta é aquilo que se faz. É isso o importante. O que era afinal o mais importante no cubismo, era aquilo que se queria fazer, a intenção que se tinha. E isso não se pode pintar”.
“Nada pode ser criado sem a solidão. Criei em meu redor uma solidão que ninguém calcula. É muito difícil hoje em dia estar-se sozinho, pois existem relógios. Já alguma vez se viu um santo com relógio?”
“Não sou nenhum pessimista, não detesto a arte, pois não poderia viver sem lhe dedicar todo meu tempo. Amo-a como a minha única razão de ser. Tudo que faço relacionado com a arte dá-me a maior alegria. Mas por isso mesmo não vejo por que razão todo o mundo pretende interrogar a arte, exigindo-lhe certificados, deixando correr livremente sua estupidez em relação a este tema”.











































Georges Braque - (1882-1963, 81 anos) Foi um pintor e escultor francês que juntamente com Pablo Picasso inventaram o Cubismo. Braque iniciou a sua ligação as cores, na empresa de pintura decorativa de seu pai. A maior parte da sua adolescência foi passada em Le Havre, mas no ano de 1889, mudou-se para Paris onde, em 1906, no Salão dos Independentes, expôs as suas primeiras obras no estilo de formas simples e cores puras (fovismo. No Outono de 1907, conheceu Picasso com quem se deu quase diariamente até que em 1914 devido a Grande Guerra se separaram. Braque foi mobilizado e ferido na cabeça em 1915, tendo sido agraciado com a Cruz de Guerra e da Legião de Honra. Durante dois anos, devido ao ferimento esteve afastado da pintura.







Juan Gris (1887-1927), pintor espanhol que aderiu ao cubismo em 1912, era um homem muito lúcido em cuja arte o fator racionalizante tinha grande peso. Por essa razão, não conseguiu entregar-se totalmente à liberdade inventiva de Picasso e Braque, mantendo seu cubismo preso a uma composição formal muitas vezes rígida e fria. Não obstante, dá uma contribuição importante ao introduzir no cubismo uma visão nova do espaço como espaço-tempo, ao decompor o objeto no plano, buscando exprimir as várias etapas de sua apreensão no tempo.
Retrato de Pablo Picasso, Juan Gris, 1912



Vista da Baía, Juan Gris, 1912, Museu Nacional de Arte Moderna, Paris



Guitare et compotier, Juan Gris,1926-27, Museu Nacional d’Art de Catalunya, Barcelona
Fernand Léger (1881-1955) se desenvolveu o seu cubismo numa direção diferente de Braque e Picasso. Se também ouviu a frase de Cézanne, que chamava a atenção para a geometria contida nos objetos naturais, passou a pintá-los não como se fossem cubos, mas como cilindros e cones, tal como se observa em seu quadro “Nus dans la forêt” (1909-10). Léger nunca atingira o grau de abstração dos dois mestres cubistas, Picasso e Braque.
De origem modesta, de família de camponeses normandos, desde cedo se interessou pelo desenho, o que o leva a Caen, capital da Alta Normandia, França, aos dezesseis anos, onde trabalhou como aprendiz de arquiteto. Em 1900, mudou-se para Paris, onde em um escritório de arquitetura e retoques fotográficos trabalhou como desenhista. Reprovado no exame de ingresso da Escola de Belas-Artes de Paris, estudou na Escola de Artes Decorativas e na Academia Julien; frequentando ainda vários ateliês, entrando em contato com a arte de Cézanne.
Aproxima-se dos cubistas em 1909, conhecendo os poetas Apollinaire, Max Jacob, Blaise Cendrars, os pintores Albert Gleizes, Robert Delaunay e, mais tarde, Georges Braque e Pablo Picasso. Em 1911, expôs no Salão dos Independentes e, no ano seguinte, participa da Section D’Or, e publica seu ensaio ‘Les origines de la peinture contemporaine’, na revista Der Sturm. Em contato com o Cubismo, Léger não aceitou sua representação exclusivamente conceitual, suas abstrações curvilíneas e tubulares contrastavam-se com as formas retilíneas preferidas por Picasso e Braque, e preconizavam uma aproximação às imagens orgânicas surrealistas.
Esquisse pour la femme em bleu (detalhe), Fernand Léger, Museu Nacional Fernand Léger, França



A Banhista, Fernand Féger, 1932, Museu Nacional Fernand Léger, França



O Vaso Azul, Fernand Léger, 1948, óleo /tela, MAC-São Paulo


Composição, Fernand Léger, 1936, guache s/papel, MAC-São Paulo



A Grande Parada, Fernand Léger, 1954



Robert Delaunay (1885-1941), pintor francês o seu caminho no movimento cubista, o levaria a uma redescoberta da cor e do ritmo espacial, que daria à sua pintura algo de composição musical. Quando em 1912, pintou seus “Discos simultâneos”, uma nova vertente surgiu no cubismo, à qual o poeta Apollinaire daria o nome de orfismo. AS fontes da pintura de Delaunay são as mesmas de Braque, ou seja, a lição cezanniana, que estão evidentes na séria de “Villes”, suas primeiras telas cubistas. Nelas, ele abdica das cores vivas que marcaram sua pintura anterior. Ele cria um novo repertório de signos (ou objetos figurativos). Como Léger, ele chega rapidamente a uma linguagem abstrata, que se aproxima do decorativo, mas de que ele se afasta imprimindo em sua pintura a preocupação de expressar o dinamismo da vida moderna. A partir de 1912, Delaunay recorre à cor como seu meio de expressão. Interessa-se pela lei dos contrastes simultâneos de Chevreul, que servirá de pretexto para suas “frases cromáticas” e outras obras, fundadas na exploração daqueles contrastes.
A Torre Eiffel, Robert Delaunay, 1910



A Cidade de Paris, Robert Delaunay, 1910-12



Homenagem para L’Bleriot, Robert Delaunay, 1914

DESDOBRAMENTOS DO CUBISMO NO BRASIL
Dos artistas brasileiros destacamos:
Tarsila do Amaral - (1886 - 1973) Aluna de seu amigo Fernand Léger por apenas algumas semanas em outubro 1923, Tarsila absorveu do mestre sua característica síntese geométrica. Também próxima de outro cubista, este mais militante, Gleizes, com ele a pintora paulista aprendeu a estruturar o quadro, sem figuração, não planos ou recortes de figuras dispostas, mas planos interligados, integrados. Ao contrário da experiência relâmpago com Léger, a passagem pelo ateliê de Gleizes foi mais duradoura e marcante na sua obra posterior. De volta do Brasil, em dezembro de 1923, dá entrevista ao Correio da Manhã em que se autodenomina uma pintora cubista “movimento que nasceu com a fragmentação da forma”. Era, pois, a continuação do impressionismo “a fragmentação da cor”. “Estou ligada a esse movimento que tem produzido efeitos nas indústrias, no mobiliário, na moda, nos brinquedos, nos 4 mil expositores do Salão de Outono e dos Independentes”, disse ela ao jornal em reportagem publicada no dia de Natal.
Apesar de não ter exposto na Semana de 22, colaborou decisivamente para o desenvolvimento da arte moderna brasileira, pois produziu um conjunto de obras indicadoras de novos rumos. Em 1923, quando esteve na Europa manteve contato com artistas europeus, além de Léger, Picasso, De Chirico e Brancussi. Em 1928, deu início a uma fase chamada Antropofágica. A essa fase pertence a tela Abaporu cujo nome, segundo a artista é de origem indígena e significa “Antropófago”. Também usou de temática social nos seus quadros como na tela Operários.
Rego Monteiro - (1899-1970) Fez grandes obras pós-cubistas. Uma de suas mais famosas é “Mulher Diante do Espelho”, de 1922. “Minha pintura não poderia existir antes do cubismo, que me legou as noções de construção, luz e forma”, disse Monteiro certa vez. Morando em Paris desde 1911 (chegou lá com 12 anos), participou efetivamente de seu ambiente artístico e se tornou membro do Salon dês Indépendants, onde expôs diversas vezes. Em meados da década de 20, o pintor foi convidado a integrar o famoso Grupo da Galeria L’effort Moderne, de Léonce Rosenberg, que reunia a “trinca de ouro do cubismo” (Picasso, Braque e Gris), mais Gleizes, Metzinger, Léger, Herbin e Severini. Voltou ao Brasil em 1933, aos 34 anos.













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CUBISMO: O VERDADEIRO INICIO DA ARTE CONTEMPORÂNEA
De fato, do cubismo nasceu a arte geométrico-construtiva, uma vez que nele se inspirou Piet Mondrian para criar o neoplasticismo, de que derivaria a arte concreta, a arte neoconcreta brasileira e a optical art; o papier collé, introduzido nos quadros cubistas por Braque e Picasso, estão na origem das colagens de Kurt Schwitters que, mais tarde, com seus merzbilder, criaria as primeiras ‘instalações’; também, através de Picabia e Duchamp, que aderiram ao cubismo, dá origem ao dadaísmo e ao futurismo, movimentos que tiveram grande influência do desenrolar da arte moderna, principalmente o primeiro, inspirador da arte pop americana. O cubismo influiu sobre as vanguardas russas do começo do século, desdobrando-se ali no suprematismo, de Malevitch, no construtivismo, Pevsner e Gabo, bem como nos contra relevos de Tatlin e Rodchenko. Deve-se acrescentar ainda a antecipação, ali verificada, da arte objeto, uso de novos materiais e a reciclagem dos chamados objetos do cotidiano, de que são exemplos as ‘esculturas’ (bandolins, guitarras, etc.) construídas por Picasso por volta de 1911 e 12.
Em face de tão raro fenômeno, cabe perguntar por que teve o cubismo papel tão decisivo e fecundador a arte do século 20. A resposta está obviamente na natureza desse movimento, nos fatores que o engendraram, na nova atitude em face a arte, adotada pelos seus dois protagonistas, o espanhol Pablo Picasso e o francês Georges Braque.
De nenhum movimento artístico é possível dizer em que data exata nasceu, uma vez que se trata de um processo, de uma síntese de fatores convergentes que vão aos poucos ganhando corpo e se definindo. Com o cubismo não foi diferente. Críticos e historiadores, na sua maioria, admitem que dois fatores mais importantes que determinaram o nascimento do cubismo foram, de um lado, a influência de Cézanne sobre Braque e, de outro, a descoberta da escultura negra por Picasso. Naturalmente, a ação desses fatores foi estimulada esgotamento da linguagem impressionista. Assim, o sentido de construção formal, comum à pintura de Cézanne e à escultura negra, forneceu aos jovens Braque e Picasso as armas necessárias para agirem à linguagem invertebrada do impressionismo agonizante. Deve admitir, com Guillaume Apollinaire, que o fauvismo de André Derain e Henri Matisse já havia aberto o caminho para uma arte mais construída e menos sujeita à imitação do mundo exterior. O pontilhismo de Seurat, por sua objetividade construtiva, também de algum modo preparou o terreno para a mudança futura. Mas nem um nem outro tocava no cerne da questão que deflagrou a reviravolta estética promovida pelo cubismo.
FOVISMO

Em 1905, em Paris, no Salão de Outono, alguns artistas foram chamados de fauves (em português significa feras), em virtude da intensidade com que usavam as cores puras, sem misturá-las ou matizá-las. Quem lhes deu este nome foi o crítico Louis Vauxcelles, pois estavam expostas um conjunto de pinturas modernas ao lado de uma estatueta renascentista.

Os princípios deste movimento artístico eram:
· Criar, em arte, não tem relação com o intelecto e nem com sentimentos.
· Criar é seguir os impulsos do instinto, as sensações primárias.
· A cor pura deve ser exaltada.
· As linhas e as cores devem nascer impulsivamente e traduzir as sensações elementares, no mesmo estado de graça das crianças e dos selvagens.

Características da pintura:
· Pincelada violente, espontânea e definitiva;
· Ausência de ar livre;
· Colorido brutal, pretendendo a sensação física da cor que é subjetiva, não correspondendo à realidade;
· Uso exclusivo das cores puras, como saem das bisnagas;
· Pintura por manchas largas, formando grandes planos;


Principais Artistas:

MAURICE DE VLAMINCK (1876-1958), pintor francês, foi o mais autêntico fovista, dizia: "Quero incendiar a Escola de Belas Artes com meus vermelhos e azuis." Adotou mais tarde estilo entre expressionista e realista.

ANDRÉ DERAIN (1880-1954), pintor francês, dizia: "As cores chegaram a ser para nós cartuchos de dinamite." Por volta de 1900, ligou-se a Maurice de Vlaminck e a Matisse, com os quais se tornou um dos principais pintores fovistas.
Nessa fase, pintou figuras e paisagens em brilhantes cores chapadas, recorrendo a traços impulsivos e a pinceladas descontínuas para obter suas composições espontâneas. Após romper com o fovismo, em 1908, sofreu influências de Cézanne e depois do cubismo. Na década de 1920, seus nus, retratos e naturezas-mortas haviam adquirido uma entonação neoclássica, com o gradual desaparecimento da gestualidade espontânea das primeiras obras. Seu estilo, desde então, não mudou.


HENRI MATISSE (1869-1954), pintor francês, Nas suas pinturas ele não se preocupa como realismo, tanto das figuras como das suas cores. O que interessa é a composição e não as figuras em si, como de pessoas ou de naturezas-mortas. Abandonou assim a perspectiva, as técnicas do desenho e o efeito de claro-escuro para tratar a cor como valor em si mesma. Dos pintores fovistas, que exploraram o sensualismo das cores fortes, ele foi o único a evoluir para o equilíbrio entre a cor e o traço em composições planas, sem profundidade. Foi, também, escultor, ilustrador e litógrafo.

RAOUL DUFY (1877-1953), pintor, gravador e decorador francês. Contrastes tonais e a geometrização da forma caracterizaram sua obra. Impressionista a princípio, evoluiu gradativamente para o fovismo, depois de travar contato com Matisse. Morreu um ano depois de receber o prêmio de pintura da bienal de Veneza.
FUTURISMO

O primeiro manifesto foi publicado no Le Fígaro de Paris, em 22/02/1909, e nele, o poeta italiano Marinetti, dizendo que "o esplendor do mundo enriqueceu-se com uma nova beleza: a beleza da velocidade. Um automóvel de carreira é mais belo que a Vitória de Samotrácia". O segundo manifesto, de 1910, resultou do encontro do poeta com os pintores Carlo Carra, Russolo, Severini, Boccioni e Giacomo Balla.
Os futuristas saúdam a era moderna, aderindo entusiasticamente à máquina. Para Balla, "é mais belo um ferro elétrico que uma escultura". Para os futuristas, os objetos não se esgotam no contorno aparente e seus aspectos se interpenetram continuamente a um só tempo, ou vários tempos num só espaço. O grupo pretendia fortalecer a sociedade italiana através de uma pregação patriótica que incluía a aceitação e exaltação da tecnologia.

O futurismo é a concretização desta pesquisa no espaço bidimensional. Procura-se neste estilo expressar o movimento real, registrando a velocidade descrita pelas figuras em movimento no espaço. O artista futurista não está interessado em pintar um automóvel, mas captar a forma plástica a velocidade descrita por ele no espaço.

Principais artistas:

GIACOMO BALLA , em sua obra o pintor italiano tentou endeusar os novos avanços científicos e técnicos por meio de representações totalmente desnaturalizadas, embora sem chegar a uma total abstração.Mesmo assim, mostrou grande preocupação com o dinamismo das formas, com a situação da luz e a integração do espectro cromático. A formação acadêmica de Balla restringiu-se a um curso noturno de desenho, de dois
meses de duração, na Academia Albertina de Turim, sua cidade natal. Em 1895 o pintor mudou-se para Roma, onde apresentou regularmente suas primeiras obras em todas as exposições da Sociedade dos Amadores e Cultores das Belas-Artes. Cinco anos mais tarde, fez uma viagem a Paris, onde entrou em contato com a obra dos impressionistas e neo-impressionistas e participou de várias exposições. Na volta a Roma, conheceu Marinetti, Boccioni e Severini. Um ano mais tarde, juntava-se a eles para assinar o Manifesto Técnico da Pintura Futurista. Preocupado, como seus companheiros, em encontrar uma maneira de visualizar as teorias do movimento, apresentou em 1912 seu primeiro quadro futurista intitulado Cão na Coleira ou Cão
Atrelado. Dissolvido o movimento, Balla retornou às suas pinturas realistas e se voltou para a escultura e a cenografia. Embora em princípio Balla continuasse influenciado pelos divisionistas, não demorou a encontrar uma maneira de se ajustar à nova linguagem do movimento a que pertencia. Um recurso dos mais originais que ele usou para representar o dinamismo foi a simultaneidade, ou desintegração das formas, numa repetição quase infinita, que permitia ao observador captar de uma só vez todas as seqüências do movimento..
CARLO CARRA (1881-1966), junto com Giorgio De Chirico, ele se separaria finalmente do futurismo para se dedicar àquilo que eles próprios dariam o nome de Pintura Metafísica. Enquanto ganhava seu sustento como
pintor-decorador freqüentava as aulas de pintura na Academia Brera, em Milão. Em 1900 fez sua primeira viagem a Paris, contratado para a decoração da Exposição Mundial. De lá mudou-se para Londres. Ao voltar, retomou as aulas na Academia Brera e conheceu Boccioni e o poeta Marinetti. Um ano mais tarde assinou o
Primeiro Manifesto Futurista, redigido pelo poeta italiano e publicado no jornal Le Figaro. Nessa época iniciou seus primeiros estudos e esboços de Ritmo dos Objetos e Trens, por definição suas obras mais futuristas.
Numa segunda viagem a Paris entrou em contato com Apollinaire, Modigliani e Picasso. A partir desse momento começaram a aparecer as referências cubistas em suas obras. Carrà não deixou de comparecer às
exposições futuristas de Paris, Londres e Berlim, mas já em 1915 separou-se definitivamente do grupo. Juntou-se a Giorgio De Chirico e realizou sua primeira pintura metafísica. Em suas últimas obras retornou ao cubismo.Publicou vários trabalhos, entre eles La Pittura Metafísica (1919) e La Mia Vita (1943), pintor italiano. Representante do futurismo e mais tarde da pintura metafísica, influenciou a arte de seu país nas décadas de 1920 e 1930.

UMBERTO BOCCIONI (1882-1916), sua obra se manteve sob a influência do cubismo, mas incorporando os conceitos de dinamismo e simultaneidade: formas e espaços que se movem ao mesmo tempo e em direções contrárias. Nascido em Reggio di Calábria, Boccioni mudou-se ainda muito jovem para Roma, onde estudou em diferentes academias. Logo fez amizade com os pintores Balla e Severini. No início, mostrou-se interessado
na pintura impressionista, principalmente na obra de Cézanne. Fez então algumas viagens a Paris, São Petersburgo e Milão. Ao voltar, entrou em contato com Carrà e Marinetti e um ano depois se encontrava
entre os autores do Manifesto Futurista de Pintura, do qual foi um dos principais teóricos. Foi com a intenção de procurar as bases dessa nova estética que ele viajou a Paris, onde se encontrou com Picasso e Braque.
Ao retornar, publicou o Manifesto Técnico da Pintura Futurista, no qual foram registrados os princípios teóricos da arte futurista: condenação do passado, desprezo pela representação naturalista, indiferença
em relação aos críticos de arte e rejeição dos conceitos de harmonia e bom gosto aplicados à pintura.
Em 1912, participou da primeira exposição futurista. Suas obras ainda deixavam transparecer a preocupação do artista com os conceitos propostos pelo cubismo. Os retratos deformados pelas superposições de
planos ainda não conseguiam expressar com clareza sua concepção teórica. Um ano mais tarde, com sua obra Dinamismo de um Jogador de Futebol, Boccioni conseguiu finalmente fazer a representação do movimento por meio de cores e planos desordenados, como num pseudofotograma. Durante a Primeira Guerra Mundial, o
pintor se alistou como voluntário e ao voltar publicou o livro Pittura, Scultura Futurista, Dinâmico Plástico (Pintura, Escultura Futurista, Dinamismo Plástico). Morreu dois anos depois, em 1916, na cidade de Verona.

Fragmento "Fundação e manifesto do futurismo", 1908, publicado em 1909.

"Então, com o vulto coberto pela boa lama das fábricas - empaste de escórias metálicas, de suores inúteis, de fuliges celestes -, contundidos e enfaixados os braços, mas impávidos, ditamos nossas primeiras vontades a todos os homens vivos da terra:
1. Queremos cantar o amor do perigo, o hábito da energia e da temeridade.
2. A coragem, a audácia e a rebelião serão elementos essenciais da nossa poesia.
3. Até hoje a literatura tem exaltado a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono. Queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, a velocidade, o salto mortal, a bofetada e o murro.
4. Afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um carro de corrida adornado de grossos tubos semelhantes a serpentes de hálito explosivo... um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais belo que a Vitória de Samotrácia.
5. Queremos celebrar o homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada a toda velocidade no circuito de sua própria órbita.
6. O poeta deve prodigalizar-se com ardor, fausto e munificência, a fim de aumentar o entusiástico fervor dos elementos primordiais.
7. Já não há beleza senão na luta. Nenhuma obra que não tenha um caráter agressivo pode ser uma obra-prima. A poesia deve ser concebida como um violento assalto contra as forças ignotas para obrigá-las a prostrar-se ante o homem.
8. Estamos no promontório extremo dos séculos!... Por que haveremos de olhar para trás, se queremos arrombar as misteriosas portas do Impossível? O Tempo e o Espaço morreram ontem. Vivemos já o absoluto, pois criamos a eterna velocidade onipresente.
9. Queremos glorificar a guerra - única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos anarquistas, as belas idéias pelas quais se morre e o desprezo da mulher.
10. Queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academias de todo tipo, e combater o moralismo, o feminismo e toda vileza oportunista e utilitária.
11. Cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela sublevação; cantaremos a maré multicor e polifônica das revoluções nas capitais modernas; cantaremos o vibrante fervor noturno dos arsenais e dos estaleiros incendiados por violentas luas elétricas: as estações insaciáveis, devoradoras de serpentes fumegantes: as fábricas suspensas das nuvens pelos contorcidos fios de suas fumaças; as pontes semelhantes a ginastas gigantes que transpõem as fumaças, cintilantes ao sol com um fulgor de facas; os navios a vapor aventurosos que farejam o horizonte, as locomotivas de amplo peito que se empertigam sobre os trilhos como enormes cavalos de aço refreados por tubos e o vôo deslizante dos aeroplanos, cujas hélices se agitam ao vento como bandeiras e parecem aplaudir como uma multidão entusiasta.

É da Itália que lançamos ao mundo este manifesto de violência arrebatadora e incendiária com o qual fundamos o nosso Futurismo, porque queremos libertar este país de sua fétida gangrena de professores, arqueólogos, cicerones e antiquários.
Há muito tempo a Itália vem sendo um mercado de belchiores. Queremos libertá-la dos incontáveis museus que a cobrem de cemitérios inumeráveis.
Museus: cemitérios!... Idênticos, realmente, pela sinistra promiscuidade de tantos corpos que não se conhecem. Museus: dormitórios públicos onde se repousa sempre ao lado de seres odiados ou desconhecidos! Museus: absurdos dos matadouros dos pintores e escultores que se trucidam ferozmente a golpes de cores e linhas ao longo de suas paredes!
Que os visitemos em peregrinação uma vez por ano, como se visita o cemitério no dos dos mortos, tudo bem. Que uma vez por ano se desponta uma coroa de flores diante da Gioconda, vá lá. Mas não admitimos passear diariamente pelos museus nossas tristezas, nossa frágil coragem, nossa mórbida inquietude. Por que devemos nos envenenar? Por que devemos apodrecer?
E que se pode ver num velho quadro senão a fatigante contorção do artista que se empenhou em infringir as insuperáveis barreiras erguidas contra o desejo de exprimir inteiramente o seu sonho?... Admirar um quadro antigo equivalente a verter a nossa sensibilidade numa urna funerária, em vez de projetá-la para longe, em violentos arremessos de criação e de ação.
Quereis, pois, desperdiçar todas as vossas melhores forças nessa eterna e inútil admiração do passado, da qual saís fatalmente exaustos, diminuídos e espezinhados?
Em verdade eu vos digo que a frequentação cotidiana dos museus, das bibliotecas e das academias (cemitérios de esforços vãos, calvários de sonhos crucificados, registros de lances truncados!...) é, para os artistas, tão ruinosa quanto a tutela prolongada dos pais para certos jovens embriagados por seu os prisioneiros, vá lá: o admirável passado é talvez um bálsamo para tantos os seus males, já que para eles o futuro está barrado... Mas nós não queremos saber dele, do passado, nós, jovens e fortes futuristas!
Bem-vindos, pois, os alegres incendiários com seus dedos carbonizados! Ei-los!... Aqui!... Ponham fogo nas estantes das bibliotecas!... Desviem o curso dos canais para inundar os museus!... Oh, a alegria de ver flutuar à deriva, rasgadas e descoradas sobre as águas, as velhas telas gloriosas!... Empunhem as picaretas, os machados, os martelos e destruam sem piedade as cidades veneradas!
Os mais velhos dentre nós têm 30 anos: resta-nos assim, pelo menos um decênio mais jovens e válidos que nós jogarão no cesto de papéis, como manuscritos inúteis. - Pois é isso que queremos!
Nossos sucessores virão de longe contra nós, de toda parte, dançando à cadência alada dos seus primeiros cantos, estendendo os dedos aduncos de predadores e farejando caninamente, às portas das academias, o bom cheiro das nossas mentes em putrefação, já prometidas às catacumbas das bibliotecas.
Mas nós não estaremos lá... Por fim eles nos encontrarão - uma noite de inverno - em campo aberto, sob um triste galpão tamborilado por monótona chuva, e nos verão agachados junto aos nossos aeroplanos trepidantes, aquecendo as mãos ao fogo mesquinho proporcionado pelos nossos livros de hoje flamejando sob o vôo das nossas imagens.
Eles se amotinarão à nossa volta, ofegantes de angústia e despeito, e todos, exasperados pela nossa soberba, inestancável audácia, se precipitarão para matar-nos, impelidos por um ódio tanto mais mais implacável quanto seus corações estiverem ébrios de amor e admiração por nós.
A forte e sã Injustiça explodirá radiosa em seus olhos - A arte, de fato, não pode ser senão violência, crueldade e injustiça.
Os mais velhos dentre nós têm 30 anos: no entanto, temos já esbanjado tesouros, mil tesouros de força, de amor, de audácia, de astúcia e de vontade rude, precipitadamente, delirantemente, sem calcular, sem jamais hesitar, sem jamais repousar, até perder o fôlego... Olhai para nós! Ainda não estamos exaustos! Nossos corações não sentem nenhuma fadiga, porque estão nutridos de fogo, de ódio e de velocidade!... Estais admirados? É lógico, pois não vos recordais sequer de ter vivido! Eretos sobre o pináculo do mundo, mais uma vez lançamos o nosso desafio às estrelas!
Vós nos opondes objeções?... Basta! Basta! Já as conhecemos... Já entendemos!... Nossa bela e mendaz inteligência nos afirma que somos o resultado e o prolongamento dos nossos ancestrais. - Talvez!... Seja!... Mas que importa? Não queremos entender!... Ai de quem nos repetir essas palavras infames!...
Cabeça erguida!...
Eretos sobre o pináculo do mundo, mais uma vez lançamos o nosso desafio às estrelas."

(Teorias da Arte Moderna, H.B.Chipp, Martins Fontes, 1993)


IMAGENS
Automóvel + velocidade + luz | Dinamismo de um ciclista | Estado de ânimo II | Funerais do anarquista Galli | A carga dos lanceiros | Manifestação intervencionista | Retrato de Marinetti | Velocidade abstrata


PINTURA METAFÍSICA

A pintura deve criar um impressão de mistério, através de associações pouco comuns de objetos totalmente imprevistos, em arcadas e arquiteturas puras, idealizadas, muitas vezes com a inclusão de estátuas, manequins, frutas, legumes, numa transfiguração toda especial, em curiosas perspectivas divergentes. A pintura metafísica explora os efeitos de luzes misteriosas, sombras sedutoras e cores ricas e profundas, de plástica despojada e escultural. Tem inspiração na Metafísica, ciência que estuda tudo quanto se manifesta de maneira sobrenatural.

Principais Artistas:

GIORGIO DE CHIRICO (1888-1978), pintor italiano, nascido na Grécia, principal
representante da "pintura metafísica", Giorgio De Chirico constitui um caso singular: poucas vezes um artista alcançou tão rapidamente a fama para em seguida renegar o estilo que o celebrizara e cair em um esquecimento quase absoluto.
As suas obras retratam cenários arquitetônicos, solitários, irreais e enigmáticos,
onde colocava objetos heterogêneos para revelar um mundo onírico e subconsciente, perpassado de inquietações metafísicas. Também usada nas suas obras manequins, nus ou vestidos à moda clássica, enigmáticos e sem rosto, que pareciam simbolizar a estranheza do ser humano diante do seu meio ambiente.

GIORGIO MORANDI (1890-1964), pintor italiano. Notável por suas naturezas-mortas, em que buscava a unidade das coisas do universo. Conferiu imobilidade e transparência de formas, recorte intimista e atmosfera de luz cinza-clara às naturezas-mortas que pintou usando como modelos frascos, garrafas, caixas e lâmpadas velhas.
DADAÍSMO

Formado em 1916 em Zurique por jovens franceses e alemães que, se tivessem permanecido em seus respectivos países, teriam sido convocados para o serviço militar, o Dada foi um movimento de negação. Durante a Primeira Guerra Mundial, artistas de várias nacionalidades, exilados na Suíça, eram contrários ao envolvimento dos seus próprios países na guerra.
Fundaram um movimento literário para expressar suas decepções em relação a incapacidade da ciências, religião, filosofia que se revelaram pouco eficazes em evitar a destruição da Europa. A palavra Dada foi descoberta acidentalmente por Hugo Ball e por Tzara Tristan num dicionário alemão-francês. Dada é uma palavra francesa que significa na linguagem infantil "cavalo de pau". Esse nome escolhido não fazia sentido, assim como a arte que perdera todo o sentido diante da irracionalidade da guerra.
Sua proposta é que a arte ficasse solta das amarras racionalistas e fosse apenas o resultado do automatismo psíquico, selecionado e combinando elementos por acaso. Sendo a negação total da cultura, o Dadaísmo defende o absurdo, a incoerência, a desordem, o caos. Politicamente , firma-se como um protesto contra uma civilização que não conseguiria evitar a guerra.
Ready-Made significa confeccionado, pronto. Expressão criada em 1913 pelo artista francês Marcel Duchamp para designar qualquer objeto manufaturado de consumo popular, tratado como objeto de arte por opção do artista.
O fim do Dada como atividade de grupo ocorreu por volta de 1921.
Principais artistas:
Marcel Duchamp (1887-1968), pintor e escultor francês, sua arte abriu caminho para movimentos como a pop art e a op art das décadas de 1950 e 1960. Reinterpretou o cubismo a sua maneira, interessando-se pelo movimento das formas.
O experimentalismo e a provocação o conduziram a idéias radicais em arte, antes do surgimento do grupo Dada (Zurique, 1916). Criou os ready-mades, objetos escolhidos ao acaso, e que, após leve intervenção e receberem um título, adquiriam a condição de objeto de arte.
Em 1917 foi rejeitado ao enviar a uma mostra um urinol de louça que chamou de "Fonte". Depois fez interferências (pintou bigodes na Mona Lisa, para demonstrar seu desprezo pela arte tradicional), inventou mecanismos ópticos.




















François Picabia (1879-1953), pintor e escritor francês. Envolveu-se sucessivamente com os principais movimentos estéticos do início do século XX, como cubismo, surrealismo e dadaísmo. Colaborou com Tristan Tzara na revista Dada.
Suas primeiras pinturas cubistas, eram mais próximas de Léger do que de Picasso, são exuberantes nas cores e sugerem formas metálicas que se encaixam umas nas outras. Formas e cores tornaram-se a seguir mais discretas, até que por volta de 1916 o artista se concentrou nos engenhos mecânicos do dadaísmo, de índole satírica. Depois de 1927, abandonou a abstração pura que praticara por anos e criou pinturas baseadas na figura humana, com a superposição de formas lineares e transparentes.













Max Ernest (1891-1976), pintor alemão, adepto do irracional e do onírico e do inconsciente, esteve envolvido em outros movimentos artísticos, criando técnicas em pintura e escultura. No Dadaímo contribuiu com colagens e fotomontagens, composições que sugerem a múltipla identidade dos objetos por ele escolhidos para tema. Inventou técnicas como a decalcomania e o frottage, que consiste em aplicar uma folha de papel sobre uma superfície rugosa, como a madeira de veios salientes, e esfregar um lápis de cor ou grafita, de modo que o papel adquira o aspecto da superfície posta debaixo dele. Como o artista não tinha controle sobre o quadro que estava criando, o frottage também era considerado um método que dava acesso ao inconsciente.



Man Ray (1890-1976, americano, nome real Emmanuel Radnitzky) – A pintura, seu primeiro quadro (1913) é cubista, assim como o cinema, quatro curta-metragens produzidos na década de 40, sempre andaram a reboque da grande paixão que Man Ray tinha pela fotografia. Era um experimentalista por excelência. Trancava-se horas a fio no laboratório fotográfico para pesquisar, reconstruir e testar métodos em busca de aperfeiçoamento. Mesmo sem deixar a sua paixão de lado, funda, em 1915, a primeira revista dadaísta dos Estados Unidos, The Ridgefield Gazook, e, em 1921, participa da primeira Exposição Surrealista de Fotos, em Paris. E, tentando enquadrar a fotografia na categoria de arte, escreve, em 1937, o livro Fotografia não é Arte?
Fazia, assim, uma provocação tipicamente dadaísta à sociedade da época. Man Ray trabalhou, a exemplo da arte pictórica do século IX, em três gêneros: natureza morta, paisagem e retrato. Lidando com os princípios básicos da fotografia, ele inova, busca relevo, a terceira dimensão e, para alcançar isso, começa a usar a raiografia, uma técnica em que objetos são colocados sobre o papel fotográfico em um quarto escuro e expostos à luz sem utilização da câmera.
Man Ray foi, na verdade, o grande defensor da fotografia como arte, uma espécie de artesão conceitual, sempre brincando com uma consciência por trás das coisas em busca da metáfora e não simplesmente jogando elementos. Com ligações que passam pelo Cubismo, Dadaísmo e Surrealismo, é o artífice da foto criativa, elaborada, construída ou improvisada, tentando sempre uma aproximação entre fotografia e pintura e é o pioneiro da desconstrução da fotografia com a transformação de fotos tradicionais em criações de laboratório, usando muitas vezes distorções de corpos e formas.
Mas, artísticas ou não, o fato é que as suas fotos mais ousadas não foram bem-aceitas pelo público e, em 1940, foi para Hollywood trabalhar como fotógrafo das estrelas de cinema como Ava Gardner, Marylin Monroe e Catherine Deneuve. O tão esperado reconhecimento internacional por seus experimentos só veio em 1961 com a Medalha de Ouro na Bienal de Fotografia de Veneza. E, nos anos 70, quando surge o Pós-Modernismo, Andy Warhol começa a fundir ainda mais os elementos pesquisados por Man Ray e a fotografia passa a ganhar, a partir daí, o status de obra de arte.








Man Ray, fotografado no Teatro Gaite-Montparnasse e exibida em Paris por Carl Van Vechten, em Junho de 1934



Larmes, Man Ray, 1932
ABSTRACIONISMO GEOMÉTRICO

A arte abstrata tende a suprimir toda a relação entre a realidade e o quadro, entre as linhas e os planos, as cores e a significação que esses elementos podem sugerir ao espírito. Quando a significação de um quadro depende essencialmente da cor e da forma, quando o pintor rompe os últimos laços que ligam a sua obra à realidade visível, ela passa a ser abstrata.

Abstracionismo Geométrico ou Formal, as formas e as cores devem ser organizadas de tal maneira que a composição resultante seja apenas a expressão de uma concepção geométrica.
Neoplasticismo, seu criador e principal teórico foi Piet Mondrian. Onde as cores e as formas são organizadas de maneira que a composição resulte apenas na expressão de uma concepção geométrica. Resulta às linhas verticais e horizontais e às cores puras (vermelho, azul e amarelo). O ângulo reto é o símbolo do movimento, sendo rigorosamente aplicado à arquitetura.

PIET MONDRIAN (1872-1944), pintor holandês. Depois de haver participado da arte cubista, continua simplificando suas formas até conseguir um resultado, baseado nas proporções matemáticas ideais, entre as relações formais de um espaço estudado.
O artista utiliza, como elemento de base, uma superfície plana, retangular e as três cores primárias com um pouco de preto e branco. Essas superfícies coloridas são distribuídas e justapostas buscando uma arte pura.
Segundo Mondrian, cada coisa, seja uma casa, seja uma árvore ou uma paisagem, possui uma essência que está por tráz de sua aparência. E as coisas, em sua essência, estão em harmonia no universo. O papel do artista, para ele, seria revelar essa essência oculta e essa harmonia universal.
Ele procura, pesquisa e consegue um equilíbrio perfeito da composição, despojado de todo excesso da cor, da linha ou da forma.
Em 1940, Mondrian foi para Nova York, onde realizou a última fase de sua obra: desapareceram as barras negras e o quadro ficou dividido em múltiplos retângulos de cores vivas. É a série dos quadros boogie-woogie.
















Suprematismo, é uma pintura com base nas formas geométricas planas, sem qualquer preocupação de representação. Os elementos principais são: retângulo, círculo, triângulo e a cruz. O manifesto do Suprematismo, assinado por Malevitch e
Maiakovski, poeta russo, foi um dos principais integrantes do movimento futurista em seu país, defendia a supremacia da sensibilidade sobre o próprio objeto.
Mais racional que as obras abstratas de Kandisky e Paul Klee, reduz as formas, à pureza geométrica do quadrado.
Suas características são rígidas e se baseiam nas relações formais e perceptivas entre a forma e a cor. Pesquisa os efeitos perceptivos do quadrado negro sobre o campo branco, nas variações ambíguas de fundo e forma.

KAZIMIR MALEVITCH (1878-1935), pintor russo. Fundador da corrente suprematista, que levou o abstracionismo geométrico à simplicidade extrema. Foi o primeiro artista a usar elementos geométricos abstratos. Procurou sempre elaborar composições puras e cerebrais, destituídas de toda sensualidade. O "Quadro negro sobre fundo branco" constituiu uma ruptura radical com a arte da época. Pintado entre 1913 e 1915, compõe-se apenas de dois quadrados, um dentro do outro, com os lados paralelos aos da tela. A problemática dessa composição seria novamente abordada no "Quadro branco sobre fundo branco" (1918), hoje no Museu de Arte Moderna de Nova York. Dizia que as aparências exteriores da natureza não tinham para ele nenhum interesse, o essencial era a sensibilidade, livre das impurezas que envolviam a representação do objeto, mais do que isso, que envolviam a própria percepção do objeto. Os elementos de estética suprematista eram o retângulo, o círculo, o quadrado e a cruz, os quais na pintura de Malevitch, denominada pelo espiritual, adquirem um significado próximo do sagrado.

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ABSTRACIONISMO SENSÍVEL

A arte abstrata tende a suprimir toda a relação entre a realidade e o quadro, entre as linhas e os planos, as cores e a significação que esses elementos podem sugerir ao espírito. Quando a significação de um quadro depende essencialmente da cor e da forma, quando o pintor rompe os últimos laços que ligam a sua obra à realidade visível, ela passa a ser abstrata.

Abstracionismo Sensível ou Informal, predominam os sentimentos e emoções. As cores e as formas são criadas livremente. Na Alemanha surge o movimento denominado "Der blaue Reiter" (O Cavaleiro Azul) cujos fundadores são os Kandinsky, Franz Marc entre outros.
Uma arte abstrata, que coloca na cor e forma a sua expressividade maior. Estes artistas se aprofundam em pesquisas cromáticas, conseguindo variações espaciais e formais na pintura, através das tonalidades e matizes obtidos. Eles querem um expressionismo abstrato, sensível e emotivo.
Com a forma, a cor e alinha, o artista é livre para expressar seus sentimentos interiores, sem relacioná-los a lembrança do mundo exterior. Estes elementos da composição devem Ter uma unidade e harmonia, tal qual uma obra musical.
Principais Artistas:

FRANZ MARC (1880-1916), pintor alemão, apaixonado pela arte dos povos primitivos, das crianças e dos doentes mentais, o pintor alemão Marc escolheu como temas favoritos os estudos sobre animais, conheceu Kandinsky, sob a influência deste, convenceu-se de que a essência dos seres se revela na abstração. A admiração pelos futuristas italianos imprimiram nova dinâmica à obra de Marc, que passou a empregar formas e massas de cores brilhantes próprias da pintura cubista.
Os nazistas destruíram várias de suas obras. As que restaram estão conservadas no Museu de Belas-Artes de Liège, no Kunstmuseum, em Basiléia, na Städtische Galarie im Lembachhaus, em Munique, no Walker Art Center, em Minneapolis, e no Guggenheim Museum, em Nova York.
WASSILY KANDINSKY (1866-1944), pintor russo, antes do abstracionismo participou de vários movimentos artísticos como impressionismo também atravessou uma curta fase fauve e expressionista. Escreveu livros, como em 1911, Sobre o espiritual na arte, em que procurou apontar correspondências simbólicas entre os impulsos interiores e a linguagem das formas e cores, e em 1926, Do ponto e da linha até a superfície, explicação mais técnica da construção e inventividade da sua arte. Dezenas de suas obras foram confiscadas pelos nazistas e várias delas expostas na mostra de "Arte Degenerada".

Tachismo (de tache = mancha). Formado por manchas coloridas colocadas lado a lado em um certo parâmetro ou limite, no mínimo o braço do artista. Também existe um tipo de abstrato informal formado por manchas, porém, elas não possuem parâmetro definido pelo braço do artista como no Tachismo. São manchas criadas impulsivamente com toda a liberdade ou efusão emocional do artista.
Grafismo é todo abstracionismo formado por uma grafia não cognificada.
Orfismo tem ligação com a música. Principal artista: Sonia Delaunay.
Raionismo formado por raios, estanques, deslizes e riscos com luminosidade. Principal artista: Larionov/Gontcharova

Action Painting ou pintura de ação gestual, criada por Jackson Pollock nos anos de 1947 a 1950 faz parte da Arte Abstrata Americana. Em 1937, fundou-se nos Estados Unidos, a Sociedade dos Artistas Abstratos. O abstracionismo cresce e se desenvolve nas Américas, chegando à criação de um estilo original.

Características da Pintura:
· Compreensão da pintura como meio de emoções intensas.
· Execução cheia de violenta agressividade, espontaneidade e automatismo.
· Destruição dos meios tradicionais de execução - pincéis, trincha, espátulas, etc.
· Técnica: pintura direta na parede ou no chão, em telas enormes, utilizando tinta à óleo, pasta espessa de areia, vidro moído.

Principal Artista:

JACKSON POLLOCK (1912-1956), pintor americano, introduziu nova modalidade na técnica, gotejando (dripping) as tintas que escorrem de recipientes furados intencionalmente, numa execução veloz, com gestos bruscos e impetuosos, borrifando, manchando, pintando a superfície escolhida com resultados extraordinários e fantásticos, algumas vezes realizada diante do público. Desenvolveu pesquisas sobre pintura aromática. Nos últimos trabalhos nessa linha, o artista usou materiais como pregos, conchas e pedaços de tela, misturavam-se às camadas de tinta para dar relevo à textura. Usou freqüentemente tintas industriais, muitas delas usadas na pintura de automóveis.
WILLEM DE KOONING (1904-1997), nos anos 20 e 30, antes de atacar suas telas, o jovem De Kooning, que abandonou a Holanda aos 22 anos a bordo de um cargueiro, começou a vida como carpinteiro e pintor de paredes. De cultura européia, De Kooning herdaria o apreço ela arte figurativa, tornando-se um admirador da obra de seuMulher de Olhos conterrâneo Rembrandt e do francês Cèzanne. Mulheres CantandoAo contrário de seus colegas de vanguarda, que aboliram a representação figurativa de seus quadros. De Konning fez das figuras femininas - a marca da diferença em seu trabalho. "Minha obra vive de incluir as coisas, não de excluí-las", costumava afirmar. Ao final dos anos 40, junto com Jackson Pollock, Arshile Gorky e Mark Rothko, revolucionaria a pintura americana, fundando a vanguarda expressionista abstrata. Com seus borrões e respingos de tinta atirados contra ela a tela, Pollock, o maior de todos, secundado por De Koonning e companhia, deslocou de Paris para Nova York a capital mundial das artes. Diversamente dos expressionistas europeus, que no começo do século converteram sua arte numa forma de panfletagem político-social, a vanguarda expressionista ianque tratou de banir a política de seus quadros, preferindo expremir as misérias da condição humana nos limites da existência individual. Morreu vítima do mal de Alzheimer em sua casa-ateliê em Long Island, perto de Nova York.


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ARTE CONCRETA

ARTE FIGURATIVA, ARTE ABSTRATA E ARTE CONCRETA

“A arte é apenas um substituto enquanto a beleza da vida for deficiente. Desaparecerá proporcionalmente, à medida que a vida adquirir equilíbrio.” Piet Mondrian

Em épocas passadas, quando o homem vivia em contato com a natureza, e quando ele mesmo era mais natural que hoje, exprimia seu pensamento com traços, combinações repetitivas e desenhos geométricos, que para ele simbolizava algo.

Em geral, assim foi no inicio das civilizações, como podemos comprovar se observarmos os desenhos na arte cerâmica e nos outros utensílios de nossos índios.

Gradativamente, o homem foi desenvolvendo o interesse por representar o mundo visível, imitando a natureza, e durante séculos este sistema foi sendo aperfeiçoado e adotado, principalmente na Arte Ocidental. Esculturas, pinturas e gravuras, deviam ser imagens da realidade.

Entretanto, por uma série de razões históricas e estéticas, alguns artistas europeus no inicio do século 20, procuraram romper com todo um passado de arte figurativa, propondo uma nova maneira de representação.

Para melhor entendimento da arte abstrata há duas tendências principais: uma mais lírica, subjetiva e espiritual e outra mais intelectual, da regra, da geometria, embora as duas tenham em comum uma raiz idealista e mística.

Da primeira, é preciso lembrar do pintor russo Wassily Kandinsky (1886-1944), que já em 1910 fazia aquarelas abstratas. Para ele, toda forma tem um conteúdo, nela mesma, o artista se serve das formas como teclas de um piano, ao tocá-las “põe vibração a alma humana”. Um quadro pode emocionar como a música apenas pelas linhas, formas e cores, mas com autonomia do mundo visível, proporcionando liberdade de interpretação e estímulo para a imaginação.

Da outra tendência, cujas idéias inspiram-se na perfeição das leis cientificas e matemáticas, podemos citar o artista, também russo, Malevitch (1878-1935), que em 1913 declara que: “Para libertar a arte do peso da subjetividade, me refugiei na forma do quadrado negro sobre um fundo branco, os críticos e o público se queixaram.”

O expoente mais seguro do abstracionismo geométrico é Piet Mondrian, holandês (1872-1944), que expõe “a mais pura representação do Universo”, restringindo-se a linhas verticais e horizontais, limitando as cores para as primárias (azul, vermelho e amarelo) e não as cores como o branco e o preto.

Por volta de 1930, com o desenvolvimento do abstracionismo dizer “arte abstrata” era impróprio, pois ela não abrangia representações tão diversas.

Assim, nesse mesmo ano, o artista holandês Theo Van Doesburg, declara que: “Pintura concreta e não abstrata, pois nada é mais concreto, mais real que uma linha, uma cor, uma superfície... Uma mulher, uma árvore, uma vaca, são concretos no estado natural, mas no estado de pintura são abstratos, ilusórios, vagos, especulativos, ao passo que um plano é um plano, uma linha é uma linha, nem mais nem menos.”

O movimento concretista encontra precedentes imediatos nos holandeses Mondrian e Theo Van Doesburg, que rejeitam a subjetividade e criam um idioma plástico universal. No movimento russo, o construtivismo, que além de uma arte visual e abstrata, propõem um arte integrada à ciência, à técnica, à transformação social. Na Bauhaus (Alemanha, 1919-1933), Escola Superior de Criação Industrial que leva a arte para o design.

Seguidor das idéias de Theo Van Doesburg, Max Bill, nascido na Suíça, em 1908, dá continuidade ao concretismo a partir de 1936. Sediado na Suíça, o movimento espalha-se pela América Latina, Argentina e, posteriormente, Brasil e Alemanha.

Em 1950, o MASP (Museu de Arte de São Paulo) organiza uma exposição do conjunto das obras de Max Bill – arquitetura, escultura e pintura –, que foi fundamental para o conhecimento da arte concreta no Brasil.


ARTE CONCRETA NO BRASIL

A época da penetração e desenvolvimento da arte geométrica no Brasil coincide com a euforia de desenvolvimento do pós-2ª Guerra Mundial, com a implantação de indústrias nacionais como a automobilística, a criação da Petrobras, siderúrgicas, o crescimento das cidades e novos meios de comunicação, como a televisão.

Importante lembrar que, no mesmo período, houve a criação do Museu de Arte de São Paulo (MASP), em 1947, e do Museu de Arte Moderna (MAM), em 1948, que se empenharam em formar acervos e promover exposições.

Fundamental citar também a criação da I Bienal Internacional de São Paulo, em 1951, que divulgou artistas nacionais e internacionais, proporcionando contato com diversas tendências internacionais. Na mesma data, já se esboçava o movimento concreto, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

O marco histórico na Arte Concreta no Brasil é o Grupo Ruptura, paulista, que apresenta um manifesto em 1952, Manifesto Ruptura, lançado na exposição do MAM de São Paulo, e assinado por: Waldemar Cordeiro, artista e portavoz do grupo, Sacilotto, Lothar Charoux, Anatol Wladyslaw, Kazmer Féjer, Leopold Haar e Geraldo de Barros. Este grupo queria criar formas novas de princípios novos, baseavam-se numa teoria rigorosa.

Em 1956 é realizada no MAM, São Paulo, a I Exposição Nacional de Arte Concreta, ocasião que é lançado o Manifesto da Poesia Concreta (interação de conceber o poema como um todo matematicamente planejado).

Neste momento, as divergências entre os grupos concretistas Frente (Rio) e Ruptura (São Paulo) vêm à tona. Os artistas cariocas, sem abrir mão do vocabulário abstrato, querem liberdade de criação, sem o rigor dos paulistas.

É o neoconcretismo, cujo manifesto aparece no catálogo da I Expo Neoconcreta (1959) com trabalhos de Amílcar de Castro, Ferreira Gular, Franz Weissmann, Lygia Clark, Lygia Pape, Reinaldo Jardim e Théon Spanudis.

Os elementos principais do concretismo são:

Aspiração a uma linguagem de comunicação universal, com autonomia da arte com o mundo exterior.

Integração do trabalho de arte na produção industrial, crença na tecnologia.

Função social, informação a todos, aplicação em todas as áreas de comunicação visual, ao artista cabe contribuir de modo abrangente para a socialização da boa forma, no design, na tipografia, etc.

Utilização tanto no suporte como na matériaprima de materiais industrializados, produzidos em série, como ferro, alumínio, tinta esmalte, etc.

Baseiam-se no rigor geométrico, na matemática, que estrutura ritmos e relações.

Eliminam o gesto, o sinal da mão. O desenho é preciso, feito com régua e compasso.

O concretismo conhece seu período mais ativo nos anos 50.


LUIZ SACILOTTO (1924-2003)

Nasceu em Santo André, no ABC Paulista, em 1924, filho de imigrantes italianos. Formou-se no Instituto Profissional Masculino, no Brás, onde estudou técnicas diversas relacionadas às artes e ofícios, como desenho e pintura.

Seu primeiro emprego, aos 17 anos, foi como desenhista de letras de alta precisão. Durante muito tempo atuou como desenhista técnico, trabalhou em escritórios de arquitetura e projetou esquadrias de alumínio para produção em série.

Desenhava nas horas vagas, e seu aprendizado veio principalmente pelo seu profundo interesse em artes plásticas e pelas conversas com os amigos, também artistas. No início, seus trabalhos são figurativos. Paisagens e retratos de tendência expressionista, mas a partir de 1947 realiza suas primeiras experiências no domínio da abstração geométrica, sendo um dos pioneiros da arte concreta no País.

Participa de exposições em São Paulo e no Rio de Janeiro, e em 1951, com apenas 27 anos, participa da I Bienal Internacional de São Paulo, estará presente ainda na II, III, IV, VI e VII Bienais Internacionais de São Paulo.

Em 1952, participa da XXVI Bienal de Veneza e, em dezembro do mesmo ano, é um dos signatários do Manifesto do Grupo Ruptura, em São Paulo, e expõe com eles no MAM, SP.

Em 1956, participa da I Exposição Nacional e Arte Concreta em São Paulo e no ano seguinte no Rio de Janeiro.

Em 1960 está presente na Exposição Internacional de Arte Concreta, organizada por Max Bill Zurique, na Suíça, que projeta nossos artistas internacionalmente. É homenageado em 1968 com Sala Especial no I Salão de Arte Contemporânea de Santo André. Interrompe temporariamente seu trabalho criativo, e dedica-se à sua própria empresa de esquadrias metálicas. Recomeça com alguns estudos em guache e experimenta na década de 70 novas linguagens, como a serigrafia. A serigrafia é uma técnica plana em gravura, utilizada na indústria e feita com tinta gráfica, como silk em camisetas.

Como figura central do concretismo continuou a participar de exposições nacionais e internacionais, ganhou vários prêmios, retrospectivas e teve suas obras expostas nos principais museus e coleções particulares.

Sacilloto foi pintor, desenhista e precursor da escultura de vanguarda. Desde a década de 50 conquistava e pensava o espaço tridimensional a partir de desdobramentos do plano, revelando a complexidade do simples. Usava materiais industriais, como chapas de alumínio, de latão, de ferro, que ele cortava e dobrava, em constantes variações. Sua obra reflete seu pensamento claro e ordenado. Faleceu no dia 9 de fevereiro de 2003 no ABC paulista.
SURREALISMO

Nas duas primeiras décadas do século XX, os estudos psicanalíticos de Freud e as incertezas políticas criaram um clima favorável para o desenvolvimento de uma arte que criticava a cultura européia e a frágil condição humana diante de um mundo cada vez mais complexo. Surgem movimentos estéticos que interferem de maneira fantasiosa na realidade.
O surrealismo foi por excelência a corrente artística moderna da representação do irracional e do subconsciente. Suas origens devem ser buscadas no dadaísmo e na pintura metafísica de Giorgio De Chirico.
Este movimento artístico surge todas às vezes que a imaginação se manifesta livremente, sem o freio do espírito crítico, o que vale é o impulso psíquico. Os surrealistas deixam o mundo real para penetrarem no irreal, pois a emoção mais profunda do ser tem todas as possibilidades de se expressar apenas com a aproximação do fantástico, no ponto onde a razão humana perde o controle.
A publicação do Manifesto do Surrealismo, assinado por André Breton em outubro de 1924, marcou historicamente o nascimento do movimento. Nele se propunha a restauração dos sentimentos humanos e do
instinto como ponto de partida para uma nova linguagem artística. Para isso era preciso que o homem tivesse uma visão totalmente introspectiva de si mesmo e encontrasse esse ponto do espírito no qual a realidade interna e externa são percebidas totalmente isentas de contradições.

A livre associação e a análise dos sonhos, ambos métodos da psicanálise freudiana, transformaram-se nos procedimentos básicos do surrealismo, embora aplicados a seu modo. Por meio do automatismo, ou seja,
qualquer forma de expressão em que a mente não exercesse nenhum tipo de controle, os surrealistas tentavam
plasmar, seja por meio de formas abstratas ou figurativas simbólicas, as imagens da realidade mais profunda do
ser humano: o subconsciente.
O Surrealismo apresenta relações com o Futurismo e o Dadaísmo. No entanto, se os dadaístas propunham apenas a destruição, os surrealistas pregavam a destruição da sociedade em que viviam e a criação de uma nova, a ser organizada em outras bases. Os surrealistas pretendiam, dessa forma, atingir uma outra realidade, situada no plano do subconsciente e do inconsciente. A fantasia, os estados de tristeza e melancolia exerceram grande atração sobre os surrealistas, e nesse aspecto eles se aproximam dos românticos, embora sejam muito mais radicais.
Principais artistas
Salvador Dali - é, sem dúvida, o mais conhecido dos artistas surrealistas. Estudou em Barcelona e depois
em Madri, na Academia de San Fernando. Nessa época teve oportunidade de conhecer Lorca e Buñuel. Suas primeiras obras são influenciadas pelo cubismo de Gris e pela pintura metafísica de Giorgio De Chirico. Finalmente aderiu ao surrealismo, junto com seu amigo Luis Buñuel, cineasta. Em 1924 o pintor foi expulso da Academia e começou a se interessar pela psicanálise de Freud, de grande importância ao longo de toda a sua
obra. Sua primeira viagem a Paris em 1927 foi fundamental para sua carreira. Fez amizade com Picasso e Breton e se entusiasmou com a obra de Tanguy e o maneirista Arcimboldo. O filme O Cão Andaluz, que
fez com Buñuel, data de 1929. Ele criou o conceito de “paranóia critica“ para referir-se à atitude de quem recusa a lógica que rege a vida comum das pessoas .Segundo ele, é preciso “contribuir para o total descrédito da realidade”. No final dos anos 30 foi várias vezes para a Itália a fim de estudar os grandes mestres. Instalou seu ateliê em Roma, embora continuasse viajando. Depois de conhecer em Londres Sigmund Freud, fez uma viagem para a América, onde publicou sua biografia A Vida Secreta de Salvador Dali (1942). Ao voltar, se estabeleceu definitivamente em Port Lligat com Gala, sua mulher, ex-mulher do poeta e amigo Paul Éluard. Desde 1970 até sua morte dedicou-se ao desenho e à construção de seu museu. Além da pintura ele desenvolveu esculturas e desenho de jóias e móveis.







































Joan Miró - iniciou sua formação como pintor na escola de La Lonja, em Barcelona. Em 1912 entrou para a escola de arte de Francisco Gali, onde conheceu a obra dos impressionistas e fauvistas franceses. Nessa época, fez amizade com Picabia e pouco depois com Picasso e seus amigos cubistas, em cujo grupo militou durante algum tempo. Em 1920 Miró instalou-se em Paris (embora no verão voltasse para Montroig), onde se formara um grupo de amigos pintores, entre os quais estavam Masson, Leiris, Artaud e Lial. Dois anos depois adquiriu forma La masía, obra fundamental em seu desenvolvimento estilístico posterior e na qual Miró demonstrou uma grande precisão gráfica. A partir daí sua pintura mudou radicalmente. Breton falava dela como o máximo do surrealismo e se permitiu destacar o artista como um dos grandes gênios solitários do século XX e da história da arte. A famosa magia de Miró se manifesta nessas telas de traços nítidos e formas sinceras na aparência, mas difíceis de serem elucidadas, embora se apresentem de forma amistosa ao observador. Miró também se dedicou à cerâmica e à escultura, nas quais extravasou suas inquietações pictóricas.
































Para seu conhecimento
“O sonho não pode ser também aplicado à solução das questões fundamentais da vida?” (fragmento do Manifesto do Surrealismo de André Breton, francês que lançou o movimento).
No mesmo manifesto, Breton define Surrealismo: "Automatismo psíquico pelo qual alguém se propõe a exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento".
COBRA

Movimento artístico criado na Holanda, Sigla de Copenhague-Bruxelas-Amsterdam, grupo artístico europeu que surgiu entre 1948 e 1951. Ligado esteticamente ao expressionismo figurativo, teve como principais representantes Asger Jorn, Karel Appel e Pierre Alechinski. Assim como as obras de Jackson Pollock essa pintura é gestual, livre, violenta na escolha de cores e texturas.



Principais Artistas:

PIERRE ALECHINSKY, pintor e gravador belga. Um dos mais jovens integrantes do grupo Cobra, marcou sua obra pelo tachismo. Participou da XI Exposição Internacional do Surrealismo, em 1965.


ASGER JORN, pintor dinamarquês. Sua obra é caracterizada pelo uso de cores vivas e formas distorcidas. Sofreu influência dos pintores James Ensor e Paul Klee.


KAREL APPEL, pintor holandês. Criador de uma obra vigorosa e colorida, caracterizada pela figuração rude e simplificada. Realizou também esculturas em madeira e metal.

POP-ART

Movimento principalmente americano e britânico, sua denominação foi empregada pela primeira vez em 1954, pelo crítico inglês Lawrence Alloway, para designar os produtos da cultura popular da civilização ocidental, sobretudo os que eram provenientes dos Estados Unidos.

Com raízes no dadaísmo de Marcel Duchamp, o pop art começou a tomar forma no final da década de 1950, quando alguns artistas, após estudar os símbolos e produtos do mundo da propaganda nos Estados Unidos, passaram a transformá-los em tema de suas obras.

Representavam, assim, os componentes mais ostensivos da cultura popular, de poderosa influência na vida cotidiana na segunda metade do século XX. Era a volta a uma arte figurativa, em oposição ao expressionismo abstrato que dominava a cena estética desde o final da segunda guerra. Sua iconografia era a da televisão, da fotografia, dos quadrinhos, do cinema e da publicidade.
Com o objetivo da crítica irônica do bombardeamento da sociedade pelos objetos de consumo, ela operava com signos estéticos massificados da publicidade, quadrinhos, ilustrações e designam, usando como materiais principais, tinta acrílica, ilustrações e designs, usando como materiais, usando como materiais principais, tinta acrílica, poliéster, látex, produtos com cores intensas, brilhantes e vibrantes, reproduzindo objetos do cotidiano em tamanho consideravelmente grande, transformando o real em hiper-real. Mas ao mesmo tempo que produzia a crítica, a Pop Art se apoiava e necessitava dos objetivos de consumo, nos quais se inspirava e muitas vezes o próprio aumento do consumo, como aconteceu por exemplo, com as Sopas Campbell, de Andy Warhol, um dos principais artistas da Pop Art. Além disso, muito do que era considerado brega, virou moda, e já que tanto o gosto, como a arte tem um determinado valor e significado conforme o contexto histórico em que se realiza, a Pop Art proporcionou a transformação do que era considerado vulgar, em refinado, e aproximou a arte das massas, desmitificando, já que se utilizava de objetos próprios delas, a arte para poucos.
Principais Artistas:
Robert Rauschenberg (1925) Depois das séries de superfícies brancas ou pretas reforçadas com jornal amassado do início da década de 1950, Rauschenberg criou as pinturas "combinadas", com garrafas de Coca-Cola, embalagens de produtos industrializados e pássaros empalhados.
Por volta de 1962, adotou a técnica de impressão em silk-screen para aplicar imagens fotográficas a grandes extensões da tela e unificava a composição por meio de grossas pinceladas de tinta. Esses trabalhos tiveram como temas episódios da história americana moderna e da cultura popular.

Roy Lichtenstein (1923-1997). Seu interesse pelas histórias em quadrinhos como tema artístico começou provavelmente com uma pintura do camundongo Mickey, que realizou em 1960 para os filhos. Em seus quadros a óleo e tinta acrílica, ampliou as características das histórias em quadrinhos e dos anúncios comerciais, e reproduziu a mão, com fidelidade, os procedimentos gráficos. Empregou, por exemplo, uma técnica pontilhista para simular os pontos reticulados das historietas. Cores brilhantes, planas e limitadas, delineadas por um traço negro, contribuíam para o intenso impacto visual.
Com essas obras, o artista pretendia oferecer uma reflexão sobre a linguagem e as formas artísticas. Seus quadros, desvinculados do contexto de uma história, aparecem como imagens frias, intelectuais, símbolos ambíguos do mundo moderno. O resultado é a combinação de arte comercial e abstração.

Andy Warhol (1927-1987). Ele foi figura mais conhecida e mais controvertida do pop art, Warhol mostrou sua concepção da produção mecânica da imagem em substituição ao trabalho manual numa série de retratos de ídolos da música popular e do cinema, como Elvis Presley e Marilyn Monroe. Warhol entendia as personalidades públicas como figuras impessoais e vazias, apesar da ascensão social e da celebridade. Da mesma forma, e usando sobretudo a técnica de serigrafia, destacou a impessoalidade do objeto produzido em massa para o consumo, como garrafas de Coca-Cola, as latas de sopa Campbell, automóveis, crucifixos e dinheiro.
Produziu filmes e discos de um grupo musical, incentivou o trabalho de outros artistas e uma revista mensal.
NO BRASIL
A década de 60 foi de grande efervescência para as artes plásticas no pais. Os artistas brasileiros também assimilaram os expedientes da pop art como o uso das impressões em silkscreen e as referências aos gibis. Dentre os principais artistas estão Duke Lee, Baravelli, Fajardo, Nasser, Resende, De Tozzi, Aguilar e Antonio Henrique Amaral.
A obra de Andy Warhol expunha uma visão irônica da cultura de massa. No Brasil, seu espírito foi subvertido, pois, nosso pop usou da mesma linguagem, mas transformou-a em instrumento de denúncia política e social.
IMAGENS
Auto retrato de Andy Warhol 1 | Marilyn | Boa disposição de pele macia | Pop Art | Tracer | Auto retrato Andy Warhol 2 | Elvis I e II | Garrafas de Coca-Cola verdes | Jackie | Lata de sopa Campbell´s I | A última ceia

OP-ART

A expressão “op-art” vem do inglês (optical art) e significa “arte óptica”. Defendia para arte "menos expressão e mais visualização". Apesar do rigor com que é construída, simboliza um mundo precário e instável, que se modifica a cada instante.
Apesar de ter ganho força na metade da década de 1950, a Op Art passou por um desenvolvimento relativamente lento. Ela não tem o ímpeto atual e o apelo emocional da Pop Art; em comparação, parece excessivamente cerebral e sistemática, mais próxima das ciências do que das humanidades. Por outro lado, suas possibilidades parecem ser tão ilimitadas quanto as da ciência e da tecnologia.
Principais artistas:
Alexander Calder (1898-1976) - Criou os móbiles associando os retângulos coloridos das telas de Mondrian à idéia do movimento. Os seus primeiros trabalhos eram movidos manualmente pelo observador. Mas, depois de 1932, ele verificou que se mantivesse as formas suspensas, elas se movimentariam pela simples ação das correntes de ar. Embora, os móbiles pareçam simples, sua montagem é muito complexa, pois exige um sistema de peso e contrapeso muito bem estudado para que o movimento tenha ritmo e sua duração se prolongue.

Victor Vassarely - criou a plástica cinética que se funda em pesquisas e experiências dos fenômenos de percepção ótica. As suas composições se constituem de diferentes figuras geométricas, em preto e branco ou coloridas. São engenhosamente combinadas, de modo que através de constantes excitações ou acomodações retinianas provocam sensações de velocidade e sugestões de dinamismo, que se modificam desde que o contemplador mude de posição. O geometrismo da composição, ao qual não são estranhos efeitos luminosos, mesmo quando em preto e branco, parece obedecer a duas finalidades. Sugerir facilidades de racionalização para a produção mecânica ou para a multiplicidade, como diz o artista; por outro lado, solicitar ou exigir a participação ativa do contemplador para que a composição se realize completamente como "obra aberta".

IMAGENS
Victor Vasarely 1 | Victor Vasarely 2 | Alexander Calder
GRAFFITI

Definido por Norman Mailler como" uma rebelião tribal contra a opressora civilização industrial" e, por outros, como "violação, anarquia social, destruição moral, vandalismo puro e simples", o Grafite saiu do seu gueto - o metrô - e das ruas das galerias e museus de arte, instalando-se em coleções privadas e cobrindo com seus rabiscos e signos os mais variados objetos de consumo.
A primeira grande exposição de Grafite foi realizada em 1975 no "Artist's Space", de Nova York, com apresentação de Peter Schjeldahl, mas a consagração veio com a mostra "New York/New Wave" organizada por Diego Cortez, em 1981, no PS 1, um dos principais espaços de vanguarda de Nova York.
Características gerais:
* Spray art - pixação de signos, palavras ou frases de humor rápido, existe a valorização do desenho.
* Stencil art - o grafiteiro utiliza um cartão com formas recortadas que, ao receber o jato de spray, só deixa passar a tinta pelos orifícios determinados, valoriza-se a cor.
Principal artista:
Jean Michel Basquiat - (1960-1988), nascido no Haiti, iniciou sua carreira grafitando as paredes e muros de Nova York. Seus grafites mostravam símbolos de variadas culturas, de obras famosas, e principalmente ícones da cultura e consumo americanos, principalmente no contexto político e social. As temáticas do seu trabalho refletem suas preocupações, como o genocídio, a opressão e o racismo. Com 21 anos participou da sua primeira coletiva em Nova York. Foi patrocinado por Andy Warhol (Pop Art), a partir daí virou celebridade. Morreu prematuramente em virtude de depressão e drogas.
No Brasil, destacam-se os artistas: Alex Vallauri, Waldemar Zaidler e Carlos Matuck, também se destacam artistas de vanguarda como: Os Gêmeos: Otávio e Gustavo, Boleta, Nunca, Nina, Speto, Tikka e T. Freak.

Visite: http://www.graffiti.org.br
INTERFERÊNCIA

Como a pintura já não é claramente definível e deixou de ser a única fornecedora de memoráveis imagens visuais. Alguns artistas interferem na paisagem, colocam cortinas, guarda-sóis, embrulhos em locais públicos.
Atualmente, ressaltamos Christo, o único artista que se destaca com suas interferências.
Obras Destacadas:: Cortina no Vale, Ponte Neuf (Paris) embrulhada para presente, Guarda-sóis colocados em um vale da Califórnia e mais recentemente o Reichstag ( Parlamento Germânico em 1988 - Berlim), que foi envolvido em tecido sintético com duração de duas semanas.

INSTALAÇÃO

São ampliações de ambientes que são transformados em cenários do tamanho de uma sala.
É utilizada a pintura, juntamente com a escultura e outros materiais, para ativar o espaço arquitetônico.
O espectador participa da obra, e não somente à aprecia.
Obra Destacada: Homenagem a Chico Mendes do artista Roberto Evangelista.


Visite o site oficial do artista Christo e Jeanne Claude
http://christojeanneclaude.net
ARTE NAÏF

É a arte da espontaniedade, da criatividade autêntica, do fazer artístico sem escola nem orientação, portanto é instintiva e onde o artista expande seu universo particular. Claro que, como numa arte mais intelectualizada, existem os realmente marcantes e outros nem tanto.

Art naïf (arte ingênua) é o estilo a que pertence a pintura de artistas sem formação sistemática. Trata-se de um tipo de expressão que não se enquadra nos moldes acadêmicos, nem nas tendências modernistas, nem tampouco no conceito de arte popular.

Esse isolamento situa o art naïf numa faixa próxima à da arte infantil, da arte do doente mental e da arte primitiva, sem que, no entanto, se confunda com elas.

Assim, o artista naïf é marcadamente individualista em suas manifestações mais puras, muito embora, mesmo nesses casos, seja quase sempre possível descobrir-lhes a fonte de inspiração na iconografia popular das ilustrações dos velhos livros, das folhinhas suburbanas ou das imagens de santos. Não se trata, portanto, de uma criação totalmente subjetiva, sem nenhuma referência cultural.

O artista naïf não se preocupa em preservar as proporções naturais nem os dados anatômicos corretos das figuras que representa.

Características gerais:
· Composição plana, bidimensional, tende à simetria e a linha é sempre figurativa
· Não existe perspectiva geométrica linear.
· Pinceladas contidas com muitas cores.

Principal Artista:
Henri Rousseau (1844-1910), homem de pouca instrução geral e quase nenhuma formação em pintura. Em sua primeira exposição foi acusado pela crítica de ignorar regras elementares de desenho, composição e perspectiva, e de empregar as cores de modo arbitrário. Estreou com uma original obra-prima, "Um dia de carnaval", no Salão dos Independentes. Criou exóticas paisagens de selva que lembram tramas de sonho e parecem motivadas pelos sentimentos mais puros. Nos primeiros anos do século XX, após despertar a admiração de Alfred Jarry, Guillaume Apollinaire, Pablo Picasso, Robert Delaunay e outros intelectuais e artistas, seu trabalho foi reconhecido em Paris e posteriormente influenciou o surrealismo.
ARTE PRÉ-HISTÓRICA

O Primeiro Homem das Américas
"Escavações feitas no boqueirão da Pedra Furada, no Parque Nacional da Serra da Capivara, pela equipe da arquitetônica Niède Guidon encontraram o que eles acreditam ser restos de uma fogueira e pedras lascadas, datadas em mais de 50 mil anos. A comunidade científica internacional se dividiu sobre o tema. Alguns rechaçam essas pesquisas, ponderando que a suposta fogueira pode ter sido na verdade madeira incinerada por um raio e que nada garante que as rochas não foram lascadas durante a queda de um bloco.

A questão por trás dessa briga é a elucidação de qual teria sido a porta de entrada do homem na América. De um lado estão os que acreditam que a travessia do estréio de Bering, entre 15 mil e 12 mil anos atrás - quando o nível do mar chegou a descer 100 metros em relação ao atual -, tenha sido o único caminho adotado. Para quem não aceita essa exclusividade, outra porta de entrada do continente americano poderia ser a costa do Pacífico na América Latina, com viajantes vindos do sudeste asiático e das ilhas oceânicas. Ou seja, a colonização teria acontecido por povos diferentes em épocas diferentes.

A situação começou a tomar novos rumos com uma descoberta no ano passado na toca do Garrincho. Dentes com 15 mil anos foram desenterrados e apresentados ao público. Com essa idade, são os fósseis humanos mais antigos do continentes. Se confirmada, a presumida datação em 40 mil anos das pinturas do sertões da Bastiana também será um grande indício de que o homem pode ter vivido aqui bem antes do que na América do Norte.

Se aceitos pela comunidade internacional, os dentes e desenhos - que não podem ser causados por raios ou quedas de blocos - representarão uma nova fase nos estudos sobre a ocupação do continente."


As mais importantes pinturas rupestres do Brasil:
· PEDRA PINTADA (PA), aqui, em 1996, a arqueóloga americana Anna Rosevelt achou pinturas com cerca de 11.000 anos.
· PERUAÇU (MG), tem vários estilos de pinturas entre 2.000 a 10.000 anos. Exibe espetaculares desenhos geométricos.
· LAGOA SANTA (MG), suas pinturas de animais, conhecidas desde 1834, têm entre 2.000 e 10.000 anos de idade.
· SÃO RAIMUNDO NONATO (PI), segundo Niède Guindon, da Universidade Estadual de Campinas, possui vestígios humanos de 40.000 anos e pinturas de 15.000 anos.

Para seu conhecimento:
A tinta de pedra é feita de cacos de minério que forneciam as cores para as pinturas rupestres: os artistas raspavam as pedras para arrancar os pigmentos coloridos, o vermelho e o amarelo vinham do minério de ferro, o preto, do manganês. Misturado com cera de abelha ou resina de árvores o pigmento virava tinta.

As imagens abaixo referem-se à Serra da Capivara/Piauí.
IMAGENS
rupestre | rupestre1 | rupestre2 | rupestre3 | capivara | capivara1
ARTE INDÍGENA

“SOMOS PARTE DA TERRA E ELA É PARTE DE NÓS”
Os olhos e as mentes intelectuais da humanidade começaram no séc. XX a reconhecer os povos nativos como culturas diferentes das civilizações oficiais e vislumbraram contribuições sociais e ambientais deixadas pelos guerreiros que tiveram o sonho como professores. Mas a maior contribuição que os povos da floresta podem deixar ao homem branco é a prática de ser uno com a natureza interna de si. A Tradição do Sol, da Lua e da Grande Mãe ensinam que tudo se desdobra de uma fonte única, formando uma trama sagrada de relações e inter-relações, de modo que tudo se conecta a tudo. O pulsar de uma estrela na noite é o mesmo que do coração. Homens, árvores, serras, rios e mares são um corpo, com ações interdependentes. Esse conceito só pode ser compreendido através do coração, ou seja, da natureza interna de cada um. Quando o humano das cidades petrificadas largarem as armas do intelecto, essa contribuição será compreendida. Nesse momento entraremos no Ciclo da Unicidade, e a Terra sem Males se manifestará no reino humano.

A Visão Indígena Brasileira
O que é índio? Um índio não chama nem a si mesmo de índio esse nome veio trazido pelos colonizadores no séc. XVI. O índio mais antigo desta terra hoje chamada Brasil se autodenomina Tupy, que significa "Tu" (som) e "py" (pé), ou seja, o som-de-pé, de modo que o índio é uma qualidade de espírito posta em uma harmonia de forma.
Qual a origem dos índios? Conforme o mito Tupy-Guarani, o Criador, cujo coração é o Sol, /tataravô desse Sol que vemos, soprou seu cachimbo sagrado e da fumaça desse cachimbo se fez a Mãe Terra. Chamou sete anciães e disse: ‘Gostaria que criassem ali uma humanidade’. Os anciães navegaram em uma canoa que era como cobra de fogo pelo céu; e a cobra-canoa levou-os até a Terra. Logo eles criaram o primeiro ser humano e disseram: ‘Você é o guardião da roça’. Estava criado o homem. O primeiro homem desceu do céu através do arco-íris em que os anciães se transformaram. Seu nome era Nanderuvuçu, o nosso Pai Antepassado, o que viria a ser o Sol. E logo os anciães fizeram surgir da Águas do Grande Rio Nanderykei-cy, a nossa Mãe Antepassada. Depois eles geraram a humanidade, um se transformou no Sol, e a outra, na Lua. São nossos tataravós.
Esta história revela o jeito do povo indígena de contar a sua origem, a origem do mundo, do cosmos, e também mostra como funciona o pensamento nativo. Os antropólogos chamam de mito, e algumas dessas histórias são denominadas de lendas.

ARQUITETURA
Taba ou Aldeia é a reunião de 4 a 10 ocas, em cada oca vivem várias famílias (ascendentes e descendentes), geralmente entre 300 a 400 pessoas. O lugar ideal para erguer a taba deve ser bem ventilado, dominando visualmente a vizinhança, próxima de rios e da mata. A terra, própria para o cultivo da mandioca e do milho.
No centro da aldeia fica a ocara, a praça. Ali se reunem os conselheiros, as mulheres preparam as bebidas rituais, têm lugar as grandes festas. Dessa praça partem trilhas chamadas pucu que levam a roça, ao campo e ao bosque.
Destinada a durar no máximo 5 anos a oca é erguida com varas, fechada e coberta com palhas ou folhas. Não recebe reparos e quando inabitável os ocupantes a abandonam. Não possuem janelas, têm uma abertura em cada extremidade e em seu interior não tem nenhuma parede ou divisão aparente. Vivem de modo harmonioso.

PINTURA CORPORAL E ARTE PLUMÁRIA
Pintam o corpo para enfeitá-lo e também para defende-lo contra o sol, os insetos e os espíritos maus. E para revelar de quem se trata, como está se sentindo e o que pretende. As cores e os desenhos ‘falam’, dão recados. Boa tinta, boa pintura, bom desenho garantem boa sorte na caça, na guerra, na pesca, na viagem. Cada tribo e cada família desenvolvem padrões de pintura fiéis ao seu modo de ser. Nos dias comuns a pintura pode ser bastante simples, porém nas festas, nos combates, mostra-se requintada, cobrindo também a testa, as faces e o nariz. A pintura corporal é função feminina, a mulher pinta os corpos dos filhos e do marido.
Assim como a pintura corporal a arte plumária serve para enfeites: mantos, máscaras, cocares, e passam aos seus portadores elegância e magestade. Esta é uma arte muito especial porque não está associada a nenhum fim utilitário, mas apenas a pura busca da beleza.


A ALDEIA CABE NO COCAR
A disposição e as cores das penas do cocar não são aleatórias. Além de bonito, ele indica a posição de chefe dentro do grupo e simboliza a própria ordenação da vida em uma aldeia Kayapó. Em forma de arco, uma grande roda a girar entre o presente e o passado. "É uma lógica de manutenção e não de progresso", explica Luis Donisete Grupioni. A aldeia também é disposta assim. Lá, cada um tem seu lugar e sua função determinados.
A FLORESTA
O verde representa as matas, que protegem as aldeias e ao mesmo tempo são a morada dos mortos e dos seres sobrenaturais. São consideradas um lugar perigoso, já que fogem ao controle dos Kayapó.


OS HOMENS
A cor mais forte (vermelho) representa a casa dos homens, que fica bem no coração da aldeia. É a "prefeitura" Kayapó, presidida apenas por homens. Aí eles se reúnem diariamente para discutir caçadas, guerras, rituais e confeccionar adornos, como colares e pulseiras.

AS MULHERES
O amarelo refere-se às casas e às roças, áreas dominadas pelas mulheres. Nesses espaços, elas pintam os corpos dos maridos e dos filhos, plantam, colhem e preparam os alimentos. Todas as choças têm a mesma distância em relação à casa dos homens.

TRANÇADOS E CERÂMICA
A variedade de plantas que são apropriadas ao trançado no Brasil dá ao índio uma inesgotável fonte de matéria prima. É trançando que o índio constrói a sua casa e uma grande variedade de utensílios, como cestos para uso doméstico, para transporte de alimentos e objetos trançados para ajudar no preparo de alimentos (peneiras), armadilhas para caça e pesca, abanos para aliviar o calor e avivar o fogo, objetos de adorno pessoal (cocares, tangas, pulseiras), redes para pescar e dormir, instrumentos musicais para uso em rituais religiosos, etc. Tudo isso sem perder a beleza e feito com muita perfeição.
A cerâmica destacou-se principalmente pela sua utilidade, buscando a sua forma, nas cores e na decoração exterior, o seu ponto alto ocorreu na ilha de Marajó.

Ótimo site, visite: http://www.estadao.com.br/villasboas/

IMAGENS
Abano | Cerâmica Tapajônica | Cestos | Chefe Camaiura | Estátua Karajá | Jarra | Quarup | Rede | Tartaruga Karajá | Xavantes
ARTE COLONIAL

Após a chegada de Cabral, Portugal tomou posse do território e transformou o Brasil em sua colônia. Primeiramente, foram construídas as feitorias, que eram construções muito simples com cerca de pau-a-pique ao redor porque os portugueses temiam ser atacados pelo índios. Preocupado com que outros povos ocupassem terras brasileiras, o rei de Portugal enviou, em 1530, uma expedição comandada por Martim Afonso de Sousa para dar início à colonização. Martim Afonso fundou a vila de são Vicente (1532) e instalou o primeiro engenho de açúcar, iniciando-se o plantio de cana-de-açúcar, que se tornaria a principal fonte de riqueza produzida no Brasil.
Após a divisão em capitanias hereditárias, houve grande necessidade de construir moradias para os colonizadores que aqui chegaram e engenhos para a fabricação de açúcar.

ARQUITETURA
A arquitetura era bastante simples, sempre com estruturas retangulares e cobertura de palha sustentada por estruturas de madeira roliça inclinada. Essas construções eram conhecidas por tejupares, palavra que vem do tupi-guarani (tejy=gente e upad=lugar). Com o tempo os tejupares melhoram e passam os colonizadores a construir casas de taipa.
Com essa evolução começam a aparecer as capelas, os centros das vilas, dirigidas por missionários jesuítas. Nas capelas há crucifixo, a imagem de Nossa Senhora e a de algum santo, trazidos de Portugal.
A arquitetura religiosa foi introduzida no Brasil pelo irmão jesuíta Francisco Dias, que trabalhou em Portugal com o arquiteto italiano Filipe Terzi, projetista da igreja de São Roque de Lisboa.

Esquema de arquitetura primitiva:

Dois eram os modelos de arquitetura primitiva. A igreja de Jesus de Roma (autor: Vignola) e a igreja de São Roque de Lisboa, ambas de padres jesuítas.
Floreciam as igrejas em todos sos lugares onde chegavam os colonizadores, especialmente no litoral.
Os principais arquitetos do período colonial foram: Francisco Dias, Francisco Frias de Mesquita, Gregório de Magalhães e Fernandes Pinto Alpoim.
A liberdade de estilo dada ao arquiteto modifica o esquema simples, mas talvez pela falta de tempo ou por deficiência técnica não se deu um acabamento mais aprimorado.
Algumas das principais construções de taipas:

* Muralha ao redor de Salvador, construída por Tomé de Sousa;
* Igreja Matriz de Cananéia;
* Vila inteira de São Vicente, destruída por um maremoto e reconstruída entre 1542 e 1545;
* Engenhos de cana-de-açúcar; e
* Casa da Companhia de Jesus, que deu origem à cidade de São Paulo.


TAIPA
Construção feita de varas, galhos, cipós entrelaçados e cobertos com barro. Para que o barro tivesse maior consistência a melhor resistência à chuva, ele era misturado com sangue de boi e óleo de peixe.
Elas podem ser feitas com técnicas diferentes:
A taipa de pilão, de origem árabe, consiste em comprimir a terra em formas de madeira, formando um caixão, onde o material a ser socado ia disposto em camadas de 15 cm aproximadamente. Essas camadas reduziam-se a metade após o piloamento. Quando a terra pilada atingia mais ou menos 2/3 da altura do taipal, eram nela introduzidas transversalmente, pequenos paus roliços envolvidos em folhas, geralmente de bananeiras, produzindo orifícios cilíndricos denominados cabodás que permitiam o ancoramento do taipal em nova posição. Essa técnica é usada para formar as paredes externas e nas internas estruturais, sobrecarregadas com pavimento superior ou com madeiramento do telhado.
A taipa de mão ou pau-a-pique que caracterizam-se por uma trama de paus verticais e horizontais, eqüidistantes, e alternadamente dispostos. Essa trama era fixada verticalmente na estrutura do edifício e tinha seus vãos preenchidos com barro, atirado por duas pessoas simultaneamente uma de cada lado. A taipa de mão geralmente é utilizada nas paredes internas da construção.

ESCULTURA
Os jesuítas ensinaram aos índios e negros o alfabeto, a religião e a trabalhar o barro, a madeira e a pedra.
O índio é muito hábil na imitação, mas, também muito primário e rústico na execução. O negro adapta-se mais facilmente e é exuberante no desenho, na arte, no talhe e nas lavras.
Sob direção dos religiosos e de mestres, vindos além-mar, o índio e o negro esculpiram muitos trabalhos, que são a base ao enxerto da arte Barroca, em auge na Europa.

FORTE SÃO JOÃO

No ano de 1531, após viagem através do Atlântico Sul, as naus de Martim Afonso de Souza avistaram terras tupi-guaranis.O lugar, chamado"Buriquioca"(morada dos macacos) pelos nativos, encantou os portugueses por suas belezas naturais e exóticas. Apesar da bela paisagem, por motivo de segurança seguiram viagem, indo aportar em São Vicente, no dia 22 de janeiro de 1532. Neste mesmo ano, Martim Afonso enviou João Ramalho à Bertioga afim de verificar a possibilidade de construir uma fortificação para proteger a nova vila dos ataques Tamoios.

Em 1540, Hans Staden, famoso artilheiro alemão, naufragou na costa brasileira e foi levado à São Vicente.Lá, foi nomeado para comandar a fortificação em Bertioga.

Em 1547, a primitiva paliçada de madeira foi substituída por alvenaria de pedra e cal e óleo de baleia, o que originou o verdadeiro Forte.Primeiramente foi chamado Forte Sant'Iago (ou São Tiago), recebeu a denominação de Forte São João em 1765, devido à restauração de sua capela, erguida em louvor a São João Batista.

Em 1940, a fortaleza, considerada a mais antiga do Brasil, foi tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) .
Aproveitando a comemoração dos 500 anos do Brasil, a Prefeitura de Bertioga e o Iphan entregam para visitação o forte totalmente restaurado.
ARTE HOLANDESA

Na virada do século, os portugueses defenderam o Brasil dos invasores ingleses, franceses e holandeses. Porém, os holandeses resistiram e se instalaram no nordeste do país por quase 25 anos (início em 1624).
O Conde Maurício de Nassau trouxe à “Nova Holanda” artistas e cientistas que se instalaram em Recife. Foi sob a orientação de Nassau que o arquiteto Pieter Post projetou a construção da Cidade Maurícia e também os palácios e prédios administrativos.
Embora fosse comum a presença de artistas nas primeiras expedições enviadas à América, Maurício de Nassau afirmou, em carta à Luiz XIV, em 1678, ter a sua disposição seis pintores no Brasil, entre os quais Frans Post e Albert Eckhout. Holandeses, flamengos, alemães, os chamados pintores de Nassau, por não serem católicos, puderam facilmente dedicar-se a temas profanos, o que não era permitido aos portugueses. Em conseqüência disso foram os primeiros artistas no Brasil e na América a abordar a paisagem, os tipos étnicos, a fauna e a flora como temática de suas produções artísticas, livre dos preconceitos e das superstições que era de praxe se encontrar nas representações pictóricas que apresentavam temas americanos. Foram verdadeiros repórteres do século XVII.

FRANS J. POST
Nascido em Haarlen, Holanda (1612-1680), foi pintor, desenhista e gravador. Tinha 24 anos quando chegou ao Brasil, contratado por Nassau, permaneceria até 1644. Era irmão do arquiteto Pieter Post. Sua principal tarefa era nas novas terras do foi documentar edifícios, portos e fortificações. Destacou-se entre os pintores de Nassau: é considerado o primeiro paisagista a trabalhar nas Américas.
Foi autor de cerca de 150 obras, costumava pintar pequenas figuras para funcionar como pontos de atração nos quadros e deixa-los mais interessantes. Vários museus do mundo mantêm em seus acervos obras de sua autoria, no Brasil podemos ver a sua obra no MASP, em São Paulo e MNBA no rio de Janeiro.
Obras destacadas: A cidade e o castelo de Frederik na Paraíba; Paisagem Brasileira com nativos dançando; Paisagem com Tamanduá; Mauritsstad e Recife.

ALBERT ECKHOUT
Nascido em Groninger, Holanda (1610-1666), foi artista e botânico, veio para o Brasil em 1637 e permaneceu até 1644, como pintor contratado por Maurício de Nassau. Aqui realizou grande parte de sua obra, nela destacam-se naturezas-mortas com frutas e legumes tropicais, representações dos tipos humanos que habitavam o país e costumes. Ficou fascinado pelo o que encontrou no Brasil.
O Conde de Nassau freqüentemente ofereceu obras de Eckhout como presente à nobreza européia. O rei da Dinamarca recebeu vinte pinturas retratando tipos brasileiros e naturezas-mortas. O rei da França recebeu uma coleção de pinturas que foi usada para fazer tapeçarias, as chamadas “Tapeçarias das Índias” tornaram-se muito conhecidas e foram tão copiadas que os cartões originais se estragaram. Os trabalhos de Eckhout contribuem para que os europeus se interessassem pelo Brasil.
Obras destacadas: Dança Tapuia; Composição com cabaças, frutas e cactos; Os dois touros; Mameluca; Mulato; Índia Tapuia; Mulher Africana.
BARROCO

O estilo barroco desenvolveu-se plenamente no Brasil durante o século XVIII, perdurando ainda no início do século XIX. O barroco brasileiro é claramente associado à religião católica. Duas linhas diferentes caracterizam o estilo barroco brasileiro. Nas regiões enriquecidas pelo comércio de açúcar e pela mineração, encontramos igrejas com trabalhos em relevos feitos em madeira - as talhas - recobertas por finas camadas de ouro, com janelas, cornijas e portas decoradas com detalhados trabalhos de escultura. Já nas regiões onde não existia nem açúcar nem ouro, as igrejas apresentam talhas modestas e os trabalhos foram realizados por artistas menos experientes e famosos do que os que viviam nas regiões mais ricas.
O ponto culminante da integração entre arquitetura, escultura, talha e pintura aparece em Minas Gerais, sem dúvida a partir dos trabalhos de:
Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho - seu projeto para a igreja de São Francisco, em Ouro Preto, por exemplo, bem como a sua realização, expressam uma obra de arte plena e perfeita. Desde a portada, com um belíssimo trabalho de medalhões, anjos e fitas esculpidos em pedra-sabão, o visitante já tem certeza de que está diante de um artista completo. Além de extraordinário arquiteto e decorador de igrejas foi também incomparável escultor. O Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, é constituído por uma igreja em cujo adro estão as esculturas em pedra-sabão de doze profetas, cada um desses personagens numa posição diferente e executa gestos que se coordenam. Com isso, ele conseguiu um resultado muito interessante, pois torna muito forte para o observador a sugestão de que as figuras de pedra estão se movimentando.
Características da escultura de Aleijadinho:
* Olhos espaçados
* Nariz reto e alongado
* Lábios entreabertos
* Queixo pontiagudo
* Pescoço alongado em forma de V
Manuel da Costa Ataíde - suas pinturas em tetos das igrejas seguiam as características do estilo barroco, e aliavam-se perfeitamente às esculturas e arquitetura de Aleijadinho.
Obra Destacada: Pintura do Teto da Igreja de São Francisco de Assis.
Para seu conhecimento:
O Mestre Ataíde pintou várias igrejas de Minas Gerais com um estilo próprio e bem brasileiro. Usava cores vivas e alegres e gostava muito do azul. Ataíde utilizava tanto a tinta a óleo (que era importada da Europa) como a têmpera. Os pintores da época nem sempre podiam importar suas tintas. Faziam então suas próprias cores com pigmentos e solventes naturais aqui da terra. Entre outros, usavam terra queimada, leite e óleo de baleia, clara de ovo, além de extratos de plantas e flores. E é claro criavam suas próprias receitas que eram mantidas em segredo. Talvez por isso é que se diz que não existe, no mundo inteiro, um colorido como o das cidades mineiras da época do barroco.

IMAGENS
Basílica de Congonhas | Cristo carregando a Cruz | Flagelação de Cristo | Igreja de São Francisco | Matriz de Santo Antonio | Profeta Daniel | Última Ceia | São Francisco | Teto de Igreja Ataíde | Igreja do Pilar | Igreja Matriz Conceição | Igreja Matriz Santo Antonio | Órgão Tiradentes
MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA

No início do século XIX, os exércitos de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal , obrigando D. João VI (rei de Portugal), sua família e sua corte (nobres, artistas, empregados, etc.) a virem para o Brasil.

D. João VI, preocupado com o desenvolvimento cultural, trouxe para cá material para montar a primeira gráfica brasileira, onde foram impressos diversos livros e um jornal chamado A Gazeta do Rio de Janeiro. Nesse momento, o Brasil recebe forte influência cultural européia, intensificada ainda mais com a chegada de um grupo de artistas franceses (1816) encarregado da fundação da Academia de Belas Artes (1826), na qual os alunos poderiam aprender as artes e os ofícios artísticos. Esse grupo ficou conhecido como Missão Artística Francesa. Os artistas da Missão Artística Francesa pintavam, desenhavam, esculpiam e construíam à moda européia. Obedeciam ao estilo neoclássico (novo clássico), u seja, um estilo artístico que propunha a volta aos padrões da arte clássica (greco-romana) da Antigüidade.

Algumas características de construções neoclássicas:

· Colunas (de origem grega): Estrutura de sustentação das construções. Compõe-se de três partes : base, fuste (parte maior) e capitel (parte superior com ornamentos).

· Arcos (de origem romana): Elemento de construção de formato curvo existente na parte superior das portas e passagens que serve de sustentação.

· Frontões: Estrutura geralmente triangular existente acima de portas e colunas e abaixo do telhado. Os frontões podem receber os mais variados tipos de decoração.

Os pintores deveriam seguir algumas regras na pintura tais como: inspirada nas esculturas clássicas gregas e na pintura renascentista italiana, sobretudo em Rafael, mestre inegável do equilíbrio da composição e da harmonia do colorido.

Conheça alguns dos principais artistas do movimento Neoclássico Europeu:

Jacques-Louis David: (1748-1825) nasceu em Paris e foi considerado o pintor da Revolução Francesa; mais tarde, tornou-se o pintor oficial do Império de Napoleão. Durante o governo de Napoleão, registrou fatos históricos ligados à vida do imperador. Algumas obras: Bonaparte Atravessando os Alpes e a Morte de Marat.

Jean Auguste Dominique Ingres: (1780-1867) estudou no ateliê do artista David (1797), sua obra abrange, além de composições mitológicas e literárias, nus, retratos e paisagens. Soube registrar a fisionomia da classe burguesa do seu tempo, principalmente no seu gosto e poder. Por outro lado, revela um inegável apuro técnico na pintura do nu. Algumas obras: Banhista de Valpinçon e Louis Bertin.


Principais artistas:

Nicolas-Antonine Taunay: (1775-1830) pintor francês de grande destaque na corte de Napoleão Bonaparte e considerado um dos mais importantes da Missão Francesa. Durante os cinco anos que residiu no Brasil, retratou várias paisagens do Rio de Janeiro.

Jean-Baptiste Debret: (1768-1848) foi chamado de "a alma da Missão Francesa". Ele foi desenhista, aquarelista, pintor cenográfico, decorador, professor de pintura e organizador da primeira exposição de arte no Brasil (1829). Em 1818 trabalhou no projeto de ornamentação da cidade do Rio de Janeiro para os festejos da aclamação de D.João VI como rei de Portugal, Brasil e Algarve. Mas é em Viagem pitoresca ao Brasil, coleção composta de três volumes com um total de 150 ilustrações, que ele retrata e descreve a sociedade brasileira. Seus temas preferidos são a nobreza e as cenas do cotidiano brasileiro e suas obras nos dão uma excelente idéia da sociedade brasileira do século XIX.

Alguns dos artistas da Missão Francesa, vieram para o Brasil, no séc. XIX, outros pintores motivados pela paisagem luminosa e pela existência de uma burguesia rica e desejosa de ser retratada. É nessa perspectiva que se situa alguns artistas europeus independentes da Missão Artística Francesa: Thomas Ender, era austríaco e chegou ao Brasil com a comitiva da Princesa Leopoldina, viajou pelo interior, retratando paisagens e cenas da vida no nosso povo em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Sua obra compõem-se de 800 desenhos e aquarelas. E Johann-Moritz Rugendas, era alemão, esteve no Brasil entre 1821 e 1825. Além do nosso país, visitou outros países da América Latina, documentando, por meio de desenhos e aquarelas, a paisagem e os costumes dos povos que conheceu.
PINTURA ACADÊMICA

Em meados do século XIX, o Império Brasileiro conheceu certa prosperidade econômica, proporcionada pelo café, e certa estabilidade política, depois que Dom Pedro II assumiu o governo e dominou as muitas rebeliões que agitaram o Brasil até 1848. Além disso, o próprio imperador procurou dar ao país um desenvolvimento cultural mais sólido, incentivando as letras, as ciências e as artes. Estas ganharam um impulso de tendência nitidamente conservadora, que refletia modelos clássicos europeus.
Uma das características gerais da pintura acadêmica é seguir os padrões de beleza da Academia de Belas Artes, ou seja, o artista não deve imitar a realidade, mas tentar recriar a beleza ideal em suas obras, por meio da imitação dos clássicos, principalmente os gregos, na arquitetura e dos renascentistas, na pintura.
Os principais artistas acadêmicos são:

Pedro Américo de Figueiredo e Melo - Sua pintura abrangeu temas bíblicos e históricos, mas também realizou imponentes retratos, como o De Dom Pedro II na Abertura da Assembléia Geral, que é parte do acervo do Museu Imperial de Petrópolis - RJ. A sua obra mais divulgada é O Grito do Ipiranga, que atualmente no Museu Paulista.

Vitor Meireles de Lima - Em 1861, produziu em Paris, a sua obra mais conhecida A Primeira Missa no Brasil. No ano seguinte, já em nosso país, íntou Moema, que trata da famosa personagem indígena do poema Caramuru, de Santa Rita Durão. Os seus temas eram os históricos, os bíblicos e os retratos.
José Ferraz de Almeida Júnior - Considerado por alguns críticos o mais brasileiro dos pintores nacionais do século XIX. Suas obra retratam temas históricos, religiosos e regionalistas, além disso produziu retratos, paisagens e composições. Suas obras mais conhecidas são: Picando Fumo, O Violeiro e Leitura.
MODERNISMO BRASILEIRO

MODERNISMO BRASILEIRO (Primeira Fase 1922-1930)
SEMANA DE 22
Essa arte nova aparece inicialmente através da atividade crítica e literária de Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Mário de Andrade e alguns outros artistas que vão se conscientizando do tempo em que vivem. Oswald de Andrade, já em 1912, começa a falar do Manifesto Futurista, de Marinetti, que propõe “o compromisso da literatura com a nova civilização técnica”.
Mas, ao mesmo tempo, Oswald de Andrade alerta para a valorização das raízes nacionais, que devem ser o ponto de partida para os artistas brasileiros. Assim, cria movimentos, como o Pau-Brasil, escreve para os jornais expondo suas idéias renovadores de grupos de artistas que começam a se unir em torno de uma nova proposta estética. Antes dos anos 20, são feitas em São Paulo duas exposições de pintura que colocam a arte moderna de um modo concreto para os brasileiros: a de Lasar Segall, em 1913, e a de Anita Malfatti, em 1917.
A exposição de Anita Malfatti provocou uma grande polêmica com os adeptos da arte acadêmica. Dessa polêmica, o artigo de Monteiro Lobato para o jornal O Estado de S. Paulo, intitulado: “A propósito da Exposição Malfatti”, publicado na seção “Artes e Artistas” da edição de 20 de dezembro de 1917, foi a reação mais contundente dos espíritos conservadores.
No artigo publicado nesse jornal, Monteiro Lobato, preso a princípios estéticos conservadores, afirma que “todas as artes são regidas por princípios imutáveis, leis fundamentais que não dependem do tempo nem da latitude”. Mas Monteiro Lobato vai mais longe ao criticar os novos movimentos artísticos. Assim, escreve que “quando as sensações do mundo externo transformaram-se em impressões cerebrais, nós ‘sentimos’; para que sintamos de maneira diversa, cúbica ou futurista, é forçoso ou que a harmonia do universo sofra completa alteração, ou que o nosso cérebro esteja em ‘pane’ por virtude de alguma grave lesão. Enquanto a percepção sensorial se fizer normalmente no homem, através da porta comum dos cinco sentidos, um artista diante de um gato não poderá ‘sentir’ senão um gato, e é falsa a ‘interpretação que do bichano fizer um totó, um escaravelho ou um amontoado de cubos transparentes”.
Em posição totalmente contrária à de Monteiro Lobato estaria, anos mais tarde, Mário de Andrade. Suas idéias estéticas estão expostas basicamente no “Prefácio Interessantíssimo” de sua obra Paulicéia Desvairada, publicada em 1922. Aí, Mário de Andrade afirma que:
“Belo da arte: arbitrário convencional, transitório - questão de moda. Belo da natureza: imutável, objetivo, natural - tem a eternidade que a natureza tiver. Arte não consegue reproduzir natureza, nem este é seu fim. Todos os grandes artistas, ora conscientes (Rafael das Madonas, Rodin de Balzac.Beethoven da Pastoral, Machado de Assis do Braz Cubas) ora inconscientes ( a grande maioria) foram deformadores da natureza. Donde infiro que o belo artístico será tanto mais artístico, tanto mais subjetivo quanto mais se afastar do belo natural. Outros infiram
o que quiserem. Pouco me importa”. (Mário de Andrade, Poesias Completas)
Embora existia uma diferença de alguns anos entre a publicação desses dois textos, eles colocam de uma forma clara as idéias em que se dividiram artistas e críticos diante da arte. De um lado, os que tendiam que a arte fosse uma cópia fiel do real; do outro, os que almejavam uma tal liberdade criadora para o artista, que ele não se sentisse cerceado pelo limites da realidade.
Essa divisão entre os defensores de uma estética conservadora e os de uma renovadora, prevaleceu por muito tempo e atingiu seu clímax na Semana de Arte Moderna realizada nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. No interior do teatro, foram apresentados concertos e conferências, enquanto no saguão foram montadas exposições de artistas plásticos, como os arquitetos Antonio Moya e George Prsyrembel, os escultores Vítor Brecheret e W. Haerberg e os desenhistas e pintores Anita Malfatti, Di Cavalcanti, John Graz, Martins Ribeiro, Zina Aita, João Fernando de Almeida Prado, Ignácio da Costa Ferreira, Vicente do Rego Monteiro e Di Cavalcanti (o idealizador da Semana e autor do desenho que ilustra a capa do catálogo).
Manifesto Antropofágico
Publicado na Revista Antropofagia (1928), propunha basicamente a devoração da cultura e das técnicas importadas e sua reelaboração com autonomia, transformando o produto importado em exportável. O nome do manifesto recuperava a crença indígena: os índios antropófagos comiam o inimigo, supondo que assim estavam assimilando suas qualidades.
A idéia do manifesto surgiu quando Tarsila do Amaral, para presentear o então marido Oswald de Andrade, deu-lhe como presente de aniversário a tela Abaporu (aba = homem; poru = que come).
Estes eventos da Semana de Arte Moderna foram o marco mais caracterizador da presença, entre nós, de uma nova concepção do fazer e compreender a obra de arte.

ANITA MALFATTI (1889-1964) – Filha de imigrantes de origem italiana e alemã, Anita Catarina Malfatti nasceu em São Paulo, em dezembro de 1889, com um defeito congênito na mão direita. Foi operada na Itália, aos 3 anos de idade, mas nunca se livrou da atrofia na mão e no braço. Teve de aprender a escrever, e mais tarde a pintar, com a mão esquerda. Anita viria a descobrir sua vocação em 1910, quando chega a Berlim. Permanece na Alemanha até 1914. Aluna da Academia de Belas Artes de Berlim, também teve aulas com pintores de renome, como Lovis Corinth. Depois de uma breve passagem pelo Brasil, viaja, em 1915, para Nova York, onde matricula-se na Independence School of Art. Volta ao País, destinada a causar polêmica. Em dezembro de 1917, Anita expõe, em São Paulo, obras identificadas com a liberdade formal das vanguardas européias e norte-americanas, como “A Boba”, “O Homem Amarelo”, “A Mulher de Cabelos Verdes” e a “Estudante Russa”. A reação nos meios intelectuais, expressa no artigo de Monteiro Lobato “Paranóia ou Mistificação”, é violenta. “Então começou o peso do ostracismo. Todo meu trabalho ficou cortado, alunos, vendas de quadros – e começaram as brigas nos jornais”, revelou a pintora. Anita participa da Semana de 22, mas ainda traumatizada pela hostilidade ao seu trabalho, afasta-se, progressivamente, da vanguarda. Em 1923, Anita embarca para um período de cinco anos de estudos na França. Participa de exposições coletivas de arte moderna nos anos 30 e 40 e da 1ª. Bienal de São Paulo, em 1951. Na 7ª. Bienal, em 1963, é homenageada com uma grande retrospectiva. Anita morre em 1964, em São Paulo. “Devo a ela e à força dos seus quadros a revelação do novo e a convicção da revolta”, disse sobre a amiga, Mário de Andrade.

DI CAVALCANTI (1897-1976)– “A cultura não se apega aos meus sentidos, sou sempre o vagabundo, o homem da madrugada, o amoroso de muitos amores”. Nascido Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Mello, em setembro de 1897, no Rio, Di Cavalcanti registra como ninguém o povo brasileiro. “É sempre o mais exato pintor das coisas nacionais”, escreveu Mário de Andrade. “Não confundiu o Brasil com paisagens e em vez de Pão de Açúcar nos dá sambas, em vez de coqueiros, mulatas, pretos e carnavais”. Em 1917, muda-se para São Paulo e matricula-se no curso de direito do Largo São Francisco. Empregado como revisor no jornal O Estado de S.Paulo, expõe suas caricaturas numa livraria do centro da cidade. Em 1921, mergulha de vez na pintura, já associado ao grupo modernista. No ano seguinte, conhece o escritor Paulo Prado. “Falamos naquela noite, e em outros encontros, da Semana de Deauville e outras semanas da elegância eurepéia. Eu sugeri Paulo Prado a nossa semana, que seria uma semana de escândalos literários e artísticos, de meter os estribos na barriga burguesiazinha paulistana.” Estava lançada a semente da Semana de Arte Moderna. Di faz a ponte entre as vanguardas do Rio e de São Paulo e ilustra a capa dos catálogos. Mas já se distingue dos colegas como Anita Malfatti, Brecheret e Lasar Segall, cujo modernismo, acredita, “tinha o selo da convivência com Paris, Roma e Berlim”. “Meu modernismo coloria-se do anarquismo cultural brasileiro e, se ainda claudicava, possuía o dom de nascer com os erros, a inexperiência e o lirismo brasileiros”. Mesmo assim, Di busca um maior contato com a arte moderna européia. Mora em Paris entre 1923 e 25. A cultura não apaga, aguça seus sentidos. Na volta, redescobre o Brasil e sua gente, num encantamento que matéria sempre renovado ao longo da vida. Em 1955, recebe o Primeiro Prêmio de Pintura para artista nacional, na 3ª. Bienal de São Paulo. Dez anos depois, a 8ª. Bienal apresenta uma retrospectiva com 53 trabalhos. Produz muito na velhice, Precisa pagar dívidas, mesmo às custas da qualidade do trabalho. Em 1971, o Museu de Arte Moderna promove uma retrospectiva com 470 telas. Di morre no Rio, em 1976, Glauber Rocha filme o velório, mas o material permanece virtualmente inédito, por pressão da família do pintor.

VICTOR BRECHERET (1894-1955) – Nascido em Viterbo, Itália, em 1894, Vittorio Brecheret muda-se ainda criança para o Brasil Começa a estudar arte em 1912, no Liceu de Artes e Ofícios. No ano seguinte, embarca para a Itália, onde torna-se discípulo do escultor Dazzi. Realiza sua primeira exposição, no Salão dos Escultores Amadores, em 1918, ano no qual retorna ao Brasil. Em 1920, apresenta num concurso público a maquete do “Monumento às Bandeiras” e conhece Di Cavalcanti, Oswald e Menotti Del Picchia. Em 1921, a Prefeitura adquire a escultura “Eva”, exposta na Casa Byington. Com uma bolsa do Estado, parte rumo a Paris, deixando com os amigos as obras que serão apresentadas no ano seguinte, na Semana de Arte Moderna. Participa, na França, do Salão de Outono. Em 1923, descobre a arte de Brancusi, uma de suas influências. É premiado no Salão de Outono com “Sepultamento”, feito sob encomenda para o jazigo da família Guedes Penteado no Cemitério da Consolação.
Volta ao Brasil em 1925, mas continua expondo no exterior em mostras como o Salão dos Independentes, em Paris, em 1929. Sua consagração viria quatro anos depois, com a compra pelo governo francês da obra em granito “Grupo”, para o Musée du Jeu de Paume, e a condecoração com a Legião de Honra. Em 1936, dá início ao “Monumento às Bandeiras”, maior escultura do mundo, que só seria inaugurado em janeiro de 1953, no Parque do Ibirapuera. O monumento, que inclui um auto-retrato e figuras inspiradas em amigos de Brecheret, é considerado uma das suas obras-primas do século 20. Em 1941, vence o concurso público “Monumento a Caxias”, em São Paulo. Realiza, entre 1942 e 46, esculturas para a capela do Hospital das Clínicas. Em 1950, é convidado para a Bienal de Veneza. No ano seguinte, recebe o Primeiro Prêmio de Escultura na 1ª. Bienal de São Paulo. Ainda voltaria a Veneza e à Bienal paulistana antes de morrer, em dezembro de 1955, em São Paulo.
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Monumento às Bandeiras, Brecheret, 1954, Parque do Ibirapuera, São Paulo



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Vista da parte de trás do Monumento às Bandeiras, Brecheret, 1954, Parque do Ibirapuera, São Paulo



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Túmulo de Olívia Guedes Penteado, Brecheret, Cemitério da Consolação, São Paulo

MÁRIO ZANINI (1907-1971) – Nascido em São Paulo, em 1907, Mário Zanini pertence à geração de pintores de origem proletária que ajudou a consolidar o modernismo no Brasil, reunida no Grupo Santa Helena, embrião da Família Artística Paulista. Começa a estudar pintura na Escola Profissional Masculina o Brás, em 1920. De 1924 a 26, cursa desenho e artes no Ateliê de Artes e Ofícios. Em 1927, conhece Alfredo Volpi, uma de suas maiores influências, que, como ele, ganha a vida como pintor especializado em decoração de interiores. Seus primeiros trabalhos trazem a marca do movimento macchiaiolli, italiano. Ao contrário dos impressionistas, nos macchiaiolli o uso da mancha é posto a serviço de uma estética mais próxima do realismo. Em 1934, participa de sua primeira exposição, no Salão Paulista de Belas Artes. Nos Salões de Maio, em 1938 e 39, Zanini arranca elogios de críticos como Mário de Andrade e Sérgio Milliet. Nos anos 40, freqüenta o Osirarte ateliê de azulejaria criado por Paulo Rossi Osir. Expõe, entre 1940 e 48, no Salão Nacional de Belas Artes, no Rio. Embora a figura ainda seja central em sua obra, seus contornos são cada vez mais simplificados. No inicio da década de 50, Zanini participa da 1ª. E 2ª. Bienais de São Paulo. A tendência à depuração acentua-se, aproximando sua obra do construtivismo. Desenvolve também trabalhos como ceramista, no ateliê de Bruno Giorgi. Em 1959, é convidado novamente para a Bienal. Nos anos 60, abandona pesquisas formais e retoma o figurativismo. Morre em 1971, em São Paulo.

VOLPI (1896-1988) – A família de Alfredo Volpi mudou-se de Lucca, na Itália, para o Brasil quando ele tinha 1 ano , em 1897. No cenário suburbano do Cambuci, o humilde imigrante pinta paredes. Aos 19 anos, começa a trabalhar com decoração de interiores e a retratar paisagens dos arredores de São Paulo. A partir de 1937, o núcleo Santa Helena dá origem à Família Artística Paulista. Os artistas, a maioria autodidatas, saídos de profissões artesanais, são preteridos pela organização do 1ª. Salão de Maio. Decidem então criar o Salão da Família Artística Paulista, que conta com a participação de convidados como Anita Malfatti. Em sua segunda edição, dois anos depois, o salão atrai nomes como Portinari e Ernesto de Fiori. Nessa altura, os santelenistas já tinham aberto as portas do Salão de Maio, onde têm presença marcante em 1939. Na década de 40, as paisagens começam a abrir espaço para composições com temas como janelas, fachadas e bandeirolas. Em 1950, recebe o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro no Salão Nacional de Belas Artes. Vai à Itália, onde recebe a influência dos mestres pré-renascentistas. Sua pintura torna-se mais despojada, num percursos, sem rumo à abstração geométrica pura. Em 1951, participa da 1ª. Bienal de São Paulo. No ano seguinte, está presente na Bienal de Veneza. Na segunda edição da Bienal paulistana, recebe sua maior consagração, o prêmio de Melhor Pintor Nacional. Em meados da década, deixa-se influenciar pelo concretismo – participa da Exposição Nacional de Arte Concreta, no Museu de Arte Moderna do Rio, em 1956 – sem renunciar a um estilo absolutamnete pessoal e característico. “Volpi pinta volpis”, descreve Willys de Castro. Em 1957, o MAM carioca organiza sua primiera retorspectiva. O mesmo ocorre na 6ª. Bienal de São Paulo. Consagrado pela crística e pelo público, continua a morar no mesmo Cambuci da juventude . Morre em São Paulo, em 1988.

ALDO BONADEI (1906-1974) – Nascido em São Paulo em 17 de julho de 1906, Aldo Cláudio Felipe Bonadei mostra-se um talento precoce. Conclui seu primeiro trabalho a óleo com 9 anos de idade. Autodidata, inicia, em 1923, um período de cinco anos de estudos com o pintor Pedro Alexandrino. Outra influência marcante é a do professor de arte Amadeo Scavone, com quem trava contato em 1929. “Com ele, aprendi a pensar”, diria Bonadei mais tarde. Viaja em 1928 para a Itália, onde freqüenta a Academia de Belas Artes de Florença. Volta a São Paulo em 1931. Três anos depois, recebe o Prêmio Prefeitura de São Paulo, no Salão Paulista de Belas Artes. Em 1935, passa a integrar o Grupo Santa Helena. Em 1946, expõe numa coletiva de brasileiros no Chile. Em 1951, participa da 1ª. Bienal de São Paulo, à qual estará presente em cinco das seis primeiras edições. Em 1952, figura em diversos eventos no exterior: Bienais de Veneza e Cuba, Salão de Maio, em Paris, Mostra de Artistas Brasileiros no Chile, e uma exposição no Japão. Em 1962, vence o Prêmio de Viagem ao Exterior do 11º. Salão de Arte Moderna de São Paulo. Passa três meses em Portugal, retomando interesse pelas paisagens. A fase final de sua produção marca a volta do figurativo. Morre em São Paulo, em 1974.

REBOLO (1902-1980) Nascido em São Paulo, em 1902, Francisco Rebolo Gonzalez é o patrono do grupo Santa Helena, que impulsionou a carreira de outros autodidatas como Aldo Bonadei, Mário Zanini, Clóvis Graciano, Fúlvio Pennacchi, Humberto Rosa e Alfredo Volpi. Começa sua formação como aprendiz de decorador na Igreja de Santa Efigênia. Em 1934, muda o escritório para o Edifício Santa Helena, na Praça da Sé. Em 1935, Zanini passa a dividir o aluguel com o amigo e, dois anos depois, a formação do grupo está concluída. Embora se distinga pela preocupação com o domínio da técnica e pela prática da pintura ao ar livre, o Santa Helena não se caracteriza como um movimento. Com suas paisagens, retratos dos subúrbios paulistanos, Rebolo expõe no Salão Paulista de Belas Artes, em 1936. No ano seguinte, os santelenistas – marginalizados por praticar uma arte que foge aos padrões convencionais sem, no entanto, filiar-se ao cosmopolita núcleo do modernismo – criam o Salão da Família Artística Paulista. Nas décadas de 40 e 50, Rebolo permanece fiel ao figurativismo, ainda que incorporando elementos geométricos. “Não acredito no abstracionismo por lhe faltar conteúdo humano, assim como não acredito na arte depurada de qualquer realidade”, explica. Convidado, no início dos anos 50, para as duas primeiras edições da Bienal de São Paulo, recebe o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro no Salão Nacional de Arte Moderna, em 1954. Em 1968, é destaque da mostra “A Família Artística Paulista – 30 Anos Depois”. Morre de infarto em São Paulo, em 1980.

http://www2.uol.com.br/franciscorebolo/
Paisagem com Casas, Rebolo, 1940, oléo s/tela



Suzy, Rebolo, 1959, óleo s/madeira



Paisagem, Rebolo, 1980, óleo s/tela

BRUNO GIORGI (1905- 1993) Nascido em Mococa, interior paulista, em 1905, Bruno Giorgi começa a estudar arte na Itália, em 1920. Na década de 30, é preso por sua oposição ao emergente Mussolini. Extraditado para o Brasil em 1935, o escultor volta à Europa no ano seguinte. Em 1937, matricula-se em academias de Paris e conhece um de seus mestres, Aristides Mailol. Retorna ao Brasil, 1939, e logo depois trava contato com o Grupo Santa Helena, de Volpi, Rebolo e Bonadei. Muda-se para o Rio em 1943, cidade onde viveria o resto de sua vida. O Ministério da Educação e Cultura abre espaço, em 1947, para a primeira de uma longa séria de obras de Giorgi instaladas em áreas públicas, o “Monumento à Juventude Brasileira”. Participa da Bienal de Veneza, em 1950. No ano seguinte é um dos destaques da 1ª. Bienal de São Paulo e do Salão Paulista de Arte Moderna, no qual é agraciado com o Primeiro Prêmio Governo do Estado. Volta a Veneza em 1952 e à Bienal de São Paulo em 1953, recebendo a distinção de Melhor Escultor Nacional. Em 1960, Giorgi entrega sua obra mais conhecida, “candangos”, exposta na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Outro monumento marcante do escultor na cidade é “Meteoro”, de 1967, no prédio do Itamaraty. Nos anos 70, as obras de Giorgi chegam ao espaço público das duas maiores cidades brasileiras. Em 1978, é inaugurada “Condor”, na Praça da Sé, em São Paulo. No ano seguinte é a vez de “Construção” no Parque da Catacumba, no Rio. Seu último monumento é “Integração”, de 1989, instalado no Memorial da América Latina, em São Paulo. Morre no Rio, em 1993.
Teorema, Bruno Giorgi, mármore, 1987-88



Os Candangos, Bruno Giorgi, Praça dos Três Poderes, Brasília, 1960



Monumento à Juventude Brasileira, Bruno Giorgi, jardins do Palácio Gustavo Capanema, prédio do MEC, Rio de Janeiro.



EXPRESSIONISMO

No Brasil, observa-se, como nunca, um desejo expresso e intenso de pesquisar nossa realidade social, espiritual e cultural. A arte mergulha fundo no tenso panorama ideológico da época, buscando analisar as contradições vividas pelo país e representá-las pela linguagem estética.
Principais Artistas:
Lasar Segall - De volta da Alemanha, até 1923, seu desenho anguloso e suas cores fortes procuram expressar as paixões e os sofrimentos de ser humanos. Em 1924, retornando para o Brasil, assumiu uma temática brasileira: seus personagens agora são mulatas, prostitutas e marinheiros; sua paisagem, favelas e bananeiras. Em 1929, o artista dedica-se à escultura em madeira, pedra e gesso. Mas entre os anos de 1936 e 1950, sua pintura volta-se para os grandes temas universais, sobretudo para o sofrimento e a solidão.

Anita Malfatti - Sua arte era livre das limitações que o academicismo impunha, seus trabalhos se tornaram marcos na pintura moderna brasileira, por seu comprometimento com as novas tendências.
Obras destacadas: A Estudante Russa, O Homem Amarelo, Mulher de Cabelos Verdes e Caboclinha.
Candido Portinari - Importante pintor brasileiro, cuja temática expressa o papel que os artistas da época propunham: denunciar as desigualdades da sociedade brasileira e as consequências desse desequilíbrio. Seu trabalho ficou conhecido internacionalmente através dos corpos humanos sugerindo volume e pés enormes que fazem com que as figuras pareçam relacionar-se intimamente com a terra, esta sempre pintada em tons muito vermelhos. Portinari pintou painéis para o pavilhão brasileiro da Feira Mundial de Nova York, Via Crucis - para a igreja de São Francisco, na Pampulha, Belo Horizonte (MG) e murais da sala da Fundação Hispânica na Biblioteca do Congresso, em Washington. Sua pintura retratou os retirantes nordestinos, a infância em Brodósqui, os cangaceiros e temas de conteúdo histórico como Tiradentes, atualmente no Memorial da América Latina, em São Paulo, e o painel A Guerra e a Paz, pintado em 1957 para a sede da ONU.
ARTE PRIMITIVA

A arte dos chamados "artistas primitivos" passou a ser valorizada após o Movimento Modernista, que apresentou, entre suas tendências, o gosto por tudo o que era genuinamente nacional. E um artista primitivo é alguém que seleciona elementos da tradição popular de uma sociedade e os combina plasticamente, guiando-se por uma clara intenção poética. Geralmente esses pintores são autodidatas e criadores dos recursos técnicos com que trabalham.
Principais Artistas:

Cardosinho (1861-1947), primitivo ingênuo, começou a pintar aos 70 anos e chegou a produzir cerca de 600 quadros. Uma de suas obras está na Tate Gallery, em Londres. com suas fantasias beirando o surreal, copiadas de cartões-postais.

Heitor dos Prazeres (1898-1966), é um artista que revela minúcias e detalhes da realidade que retrata. A figura humana é o centro de seus trabalhos e, nela, dois detalhes chamam a atenção do observador: o rosto quase de perfil e a forte sugestão de movimento, resultante do fato das figuras estarem quase sempre na ponta dos pés, como se dançassem ou simplesmente andassem. Sua arte deixa de lado os preconceitos e os fatos tristes da realidade social. Ao contrário, procura mostrar um mundo fraterno em que diferentes pessoas participam de uma mesma atividade.

Mestre Vitalino (1909-1963), criador de figurinhas de barro que representam pessoas e fatos da região sertaneja de Pernambuco. Entre os personagens de Vitalino estão os vaqueiros, os retirantes, os cangaceiros, que, isolados ou compondo uma cena, nos comunicam o modo de ser da gente rústica do sertão.

Djanira (1914-1979), sua arte é dividida em dois períodos, no primeiro, da década de 40, apresenta principalmente temas da vida carioca. As figuras sempre sugerem movimento e são contornadas por forte traço escuro. Na segunda fase, da década de 50, apresenta sobretudo as atividades rurais das mais diferentes regiões do Brasil. Nessa fase, suas cores são mais claras, mas os limites entre essas cores são bem nítidos.

Para seu conhecimento

O Museu Internacional de Arte Naif é um projeto do joalheiro e desenhista de jóias francês Lucien Finkelstein, e começou a funcionar em janeiro de 1995, no Cosme Velho, zona sul do Rio de Janeiro, numa casa tombada que já serviu de ateliê para o pintor Eliseu Visconti (autor das pinturas do Teatro Municipal do Rio).

Seu acervo, de quase 10 mil quadros de artistas de carca de 130 países, o torna o maior do mundo. O Museu recebe uma média de 2.000 visitantes por mês. No verão, quase metade do público é composta de turistas estrangeiros. No resto do ano, o forte é a visita de grupos escolares.

Lucien Finkelstein chegou ao Rio em 1948. Tinha 16 anos e veio a passeio, visitar parentes. Gostou, resolveu ficar e comprou seu primeiro quadro naif, uma pintura de Heitor dos Prazeres, "Sambistas". Dali para frente se tornou um grande colecionador de pinturas.